Tuna Praiense
Grupo, (séc. XIX) – (séc. XX)
Na Praia do fim do século XIX, projetos de carácter beneficente eram provavelmente a principal motivação para a vida noturna e cultural. Récitas que incluíam teatro e música, reunindo a elite da época, ficaram registadas na Revista de Cabo Verde, que dá conta das atuações da Tuna Praiense.
Na sua edição de abril de 1899, a Revista de Cabo Verde informa que, com a chegada de Santo Antão do seu diretor, Viriato da Fonseca, a tuna começa a ter vida nova e já está ensaiando novos trechos de música.
No mês seguinte, a secção “Resenha Noticiosa” dá conta de atuações do grupo na igreja matriz, durante as festividades da Semana Santa, e numa festa em benefício do Instituto Infante D. Afonso, realizada no Teatro Africano, em que, nos intervalos entre as comédias apresentadas, tocou marchas, valsas, polcas e a “Serenata”, de Schubert. “Foi muito aplaudida, como de costume, a Tuna. O teatro teve uma enchente”, relata a publicação em maio 1899.
Em agosto do mesmo ano, o grupo musical encerra com uma serenata um bazar em benefício dos bombeiros. Para a criação de um asilo, há uma série de atividades que arrancam com uma missa. A participação da Tuna Praiense, nas vésperas e na própria missa, permite-nos conhecer os seus membros, sempre através da Revista de Cabo Verde (agosto 1899): “Cantaram as ex.mas sr.as D. Teresa, Elsie, Helena e Paula Rosa, D. Branca Vera-Cruz, D. Maria Crato, D. Zulmira Brito, D. Luíza e D. Guilhermina Vasconcellos, D. Georgina Ribeiro e D. Isabel Monteiro; e os ex.mos srs. Viriato da Fonseca, António Sarmento, Alfredo Beirão, Ernesto Ventura, Rodrigo Vera Cruz, Francisco Monteiro e António de Arteaga.” .
Os dados disponíveis não permitem determinar as datas de fundação e de extinção do grupo, nem os instrumentos de que se servia. Revelam, contudo, um pouco do que era a vida cultural na capital da província na virada do século XIX para o XX, quando as danças da moda nos salõess das famílias abastadas eram a valsa e a polca e o Teatro Africano (no mesmo local onde hoje é o cinema do Plateau) acolhia sessões de poesia, teatro e música.