Teresa Lopes da Silva
Teresa Coelho Lopes da Silva
Ribeira das Patas, Santo Antão, 1922 – Mindelo, São Vicente, 2020
Cantora
Teresa Lopes da Silva é depositária de todo um acervo de música tradicional que guardou na memória desde menina, quando ouvia a mãe cantarolar em português canções de tempos remotos e quando a curiosidade a arrastava para fora de casa e punha-se a observar as festas de casamento ou cerimónias fúnebres.
Aos 71 anos, editou o CD Promessa. De facto, prometera ao marido, o escritor Baltasar Lopes da Silva, que um dia gravaria aquelas músicas que ele, ao ouvi-la cantar em casa, acompanhando-se à viola, sempre dizia ser necessário preservar do esquecimento. Investigador da tradição oral e músico amador (tocava violino e violão), era natural esta preocupação de Baltasar, que muito entusiasmado ficou quando uma vez, ainda nos anos 1960, a mulher reuniu-se ao seu sobrinho Humbertona e a Malaquias Costa e gravou algumas cantigas nos estúdios da rádio no Mindelo.
Só 30 anos depois, contudo, é que, com o apoio do então ministro da Cultura, Leão Lopes, a promessa se traduziria num disco. Da gravação, feita em Portugal, participaram vários músicos mindelenses, entre os quais o seu próprio filho, Valdemar Lopes da Silva. No CD, além das antigas canções de Santo Antão, há um samba, que o marido muito apreciava e que, segundo a intérprete, constava de um disco recebido do Brasil na década de 1930.
Em 1998, Teresa Lopes da Silva faz novas gravações, desta vez de música religiosa (ladainhas), no âmbito de uma ação de preservação do património musical da qual resultaram discos editados em França (Un Archipel de Musiques, entre outros), mas que não incluem estes registos, que ficaram depositados no Arquivo Histórico Nacional, na Praia.
Teresa Lopes da Silva foi uma importante fonte de informação para investigadores e artistas interessados na música tradicional. Celina Pereira, por exemplo, contava que foi em dona Teresa que buscar muito do material que utilizou nos seus primeiros trabalhos. Um exemplo disso é a mazurca “Mari d’Censon”, grava por Celina e mais tarde por Lura e que era uma das cantigas do repertório de Teresa Lopes da Silva.
Discografia
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