Remna
Dacar, Senegal, 1976
Cantor, compositor
Saltana, álbum de estreia de Remna, gravado em França em 2007 com músicos de origens diversas (Senegal, Angola, Ilha da Reunião), é um disco de sonoridade eclética, com canções, reggaes e blues cantados em várias línguas e nada tem que o identifique com Cabo Verde. Traz fusões que revelam as várias referências musicais do artista. “Saltana” é uma palavra árabe em que Remna se inspirou ao assistir um documentário sobre a cantora egípcia Oum Kalthoum. O clímax de um concerto mostra a simbiose entre a cantora e os músicos, momento de intensa partilha espiritual que foi identificado com essa expressão. Remna quis que o seu disco tivesse esse título porque buscava atingir esse estado com a música.
Remna (que ao iniciar a sua carreira apresentava-se como Remna Schwarz) é filho do poeta e compositor guineense José Carlos Schwarz (1949-1977). Era já adulto quando conheceu a obra do pai e a importância deste como personagem da cultura da Guiné-Bissau. A mãe, nascida no Senegal, é filha de cabo-verdianos. Remna, assim, assume as duas nacionalidades: “Digo que sou guineense mas também digo que sou cabo-verdiano, porque não posso dizer de quem gosto mais: se da minha mãe ou do meu pai. Não posso, nem quero escolher” (entr. 2013).
Desde criança Remna viveu em diferentes países (Guiné, Senegal, França, EUA, entre outros), já que o padrasto era diplomata. Em França, conclui o liceu e faz estudos universitários na área de línguas. Vive nesse país por 13 anos, e nesse período desenvolve uma maneira muito pessoal de tocar violão, pois aprendeu praticamente sozinho e sem muita interação com outros músicos. Mais tarde, dedica-se também ao baixo. Em 2008, passa a residir na Praia, interage com músicos locais. A partir de determinada altura transfere-se para Lisboa, onde reside e tem atuado, lançando aí o seu segundo album, Zona Zero, em 2019.
Remna Schwarz: à esq., na Cidade Velha (fonte: Facebook); à dir., em concerto na Praia, com Ndu, 2006 (foto: Gláucia Nogueira)
Discografia
- Saltana, CD, e/a, Paris, 2008.
- Zona Zero, CD, Trem Azul, Lisboa, 2019.
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