Paló 

Paulo Mariano Renato de Figueiredo

São Vicente, 1964

Multiinstrumentista, compositor, produtor

Músico profissional desde bem jovem, Paló tem um curriculum eclético, que vai de atuações a solo ao acompanhamento de artistas em palco e em estúdio, assim como produção musical. Fez parte do Finaçon de 1988 a 1995, como baixista, tendo também a seu cargo a programação de bateria eletrónica.

Nessa mesma época trabalhava na rádio nacional, na sonoplastia, mas os compromissos do grupo dificultavam conciliar as duas coisas. Assim, enveredou pela música como profissão a tempo inteiro. Criou um pequeno estúdio, onde se iniciou na área da produção, e criava jingles para publicidade. Sempre como autodidata, teve mais tarde, com a criação de estúdios de gravação em Cabo Verde, oportunidade de entrar na área de captação sonora, misturas, etc.

O seu aprendizado musical começou por volta dos 6 anos, quando a avó lhe ofereceu uma bateria de brinquedo; aos 9, já viver na Praia, o pai mandou-o para a escola de Pipita Bettencourt, onde começou a aprender violão. Mas durou pouco tempo essa experiência, pois como “o lado da música começou a sobrepor-se ao lado da escola, o meu pai, com receio que eu começasse a ter más notas e reprovasse, resolveu tirar-me do Sr. Pipita. Só que eu não parei. Ao longo de toda a minha vida, fiz uma coisa que foi ouvir música e tentar acompanhá-la ao violão”, revela em Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens.

Por volta dos 10 anos, ganhou uma nova bateria, desta vez já de tamanho normal, e foi nela que se desenvolveu durante vários anos, começando então a fazer parte de grupos musicais. Aos 14 anos, a família emigrou para Portugal, onde Paló passou quase uma década. Nessa altura, foi estudando sozinho, experimentando outros instrumentos e tendo contacto com diferentes géneros musicais, na linha do pop e rock.

Começou a profissionalizar-se nesse período, trabalhando em estúdios de gravação. Quando regressou a Cabo Verde, em 1986, já tinha o seu primeiro disco gravado – “Feito exclusivamente por mim, toquei vários instrumentos, a produção foi minha, andei com o disco ‘às costas’, a vender aqui e ali”, recorda. Tratava-se do single com os temas “Casod, quebrod” (parceria com Luís Lima) e “Pena capital”.

No início da década de 2000, além de tocar em casas noturnas na Praia e atuar como músico em trabalhos de vários artistas, participou como produtor, arranjador, intérprete e com músicas da sua autoria nos discos Cap Vers l’Enfant , Cap Vers l’Enfant  II  e Cap Vers les Autres, iniciativas de carácter solidário impulsionadas pelo cônsul francês de então, Roger Bratin. Nesse âmbito, compôs em parceria com Elisa Andrade e Roger Bratin o tema “Acabou verde”. Uma composição sua, “Santa Isabel”, foi gravada por Bana, no CD Livro Infinito.

Em 2004, desanimado com o mercado de trabalho para os artistas em Cabo Verde, partiu para Portugal, onde permaneceu por 17 anos atuando como músico profissional, com um período de um ano passado no Luxemburgo. Em 2022, voltou a viver na Praia.

Desde meados dos anos 1980, Paló tem participação em mais de 70 álbuns, em que se incluem trabalhos de Djinho Barbosa, Zeca di Nha Reinalda, Tito Paris, Dany Silva, Rui Veloso, e também, mais recentemente, alguns DJ. Foi o diretor musical do projeto Sons da Fala – que reúne artistas portugueses como Vitorino, Sérgio Godinho e Janita Salomé e representantes dos outros países lusófonos, como Tito Paris, Juca (São Tomé e Príncipe) e Filipe Mukenga (Angola), entre outros – e do CD Concerto Triângulo do Atlântico – Amor em Adjetivo, de Pepe Ordas (cubano), Dany Silva e Vitorino, uma homenagem ao poeta Paulo Lucena.

Discografia

• Casod, quebrod /Pena capital, single, ed. de autor, Lisboa, 1986.
• Participação no CD coletivo Cap Vers l’Enfant, 2000 (com o tema da sua autoria “Chance na vida”).
• Participação no CD coletivo Cap Vers l’Enfant II, 2001 (com os temas da sua autoria “Cap Vers… Palo” e “Bem urgente”).
• Participação no CD coletivo Cap Vers les Autres, 2002 (com o tema da sua autoria “Djam cansa”).