Orquestra Nacional de Cabo Verde

Por GN em

Orquestra, 2014 – 2016

Criada por iniciativa do Ministério da Cultura em 2014, a Orquestra Nacional de Cabo Verde (ONCV) era constituída por músicos cabo-verdianos e de várias nacionalidades, num total de cerca de 30 membros. Em geral, os instrumentos para os quais não havia intérpretes com formação em música erudita em Cabo Verde (violinos, violoncelos, clarinetes, etc) eram ensaiados com o maestro Carlos Matos na Holanda, e os músicos deslocavam-se a Cabo Verde quando havia apresentações.

Na sua fundação, a ONCV contou com o apoio da Orquestra Clássica do Centro, de Coimbra, Portugal. Quanto aos músicos cabo-verdianos, cerca de uma dezena eram membros da Banda Municipal da Praia ou da Banda Militar do Estado Maior das Forças Armadas, e tocavam instrumentos de sopro. Outros, em geral autodidatas e com trabalhos conhecidos na música popular cabo-verdiana, assumiram as cordas – violões e cavaquinho: Humbertona, Bau, Voginha, Maninho Almeida, Manuel de Candinho, Africano e Meca Lima (a formação sofreu várias mudanças já no primeiro ano de existência da orquestra). Da Holanda, além de Carlos Matos, participava Francelino Silva (Columbiano), contrabaixista. Casimiro Tavares, na época regente da Banda Militar, atuou também como maestro, assim como o seu irmão, Roberto Tavares, que o sucedeu. Lúcia Cardoso, na direção musical, cantava pontualmente. Na percussão, Tey Santos.     

Cabo Verde sempre foi um país de música, claro, mas neste momento ela sofre um problema grave em termos de conservação, divulgação e conhecimento. A orquestra pode ser uma plataforma para desenvolver e consolidar a música tradicional cabo-verdiana e servir como modelo para os instrumentistas que se querem iniciar neste universo.

Carlos Matos, ao Público (13.04.2015)

A orquestra interpretava temas do repertório da música popular cabo-verdiana com arranjos para orquestra sinfónica.

“Na diáspora preocupamo-nos mais com a identidade musical do que em Cabo Verde; talvez tenhamos mais necessidade de a proteger. Na minha geração, já muito pouca gente toca instrumentos tradicionais, o que me faz sentir na obrigação de deixar algo escrito para memória e usufruto futuros…”, declarava em 2015 o pianista e maestro Carlos Matos ao jornal português Público (13.04.2015) .

A extinção da ONCV, em junho de 2016, foi uma das primeiras medidas da gestão do ministro da Cultura Abraão Vicente, ao iniciar o seu mandato.


Ouvir

error: Content is protected !!