Membranofones
Por Margarida Brito
Membranofones são os instrumentos cujos sons provêm de uma ou mais membranas retesadas e que são postas em vibração por meio de uma baqueta ou com as mãos.
No grupo dos membranofones encontramos instrumentos:
- percutidos, que são a maioria, como a caixa e o tamboril;
- friccionados, como é o caso da cuíca e do korrepi.
Atualmente, o Carnaval em Cabo Verde, com fortes influências do Carnaval brasileiro, fez com que outros tipos de membranofones passassem a ser utilizados com maior frequência, como por exemplo o bombo brasileiro, pequenas caixas (caixetas), tamborim, atabaque, surdo etc.
Membranofones percutidos
Nesta categoria encontramos a caixa e o tamboril, ambos denominados de tambor. São utilizados nas festas de romaria, nas datas festivas católicas: São João – provavelmente o santo mais festejado em Cabo Verde, com eventos em várias ilhas, com destaque para o Porto Novo, Santo Antão; Santo António, comemorado em particular no Paul, Santo Antão; São Pedro, com destaque para São Nicolau; São Filipe, na Ilha do Fogo; e o dia da Santa Cruz, 1 de maio, que em Santiago dá início ao ciclo de festejos das tabankas, que se prolonga com os santos juninos.
Tambor – É constituído por um casco cilíndrico de madeira, na maior parte das ilhas, ou metal, na ilha do Fogo, coberto nas duas extremidades com pele, geralmente de cabra. Para executar o tambor, ele é suspenso a tiracolo num dos ombros e é percutido por um par de baquetas. O tamanho e o tipo de tambor variam.
Em São Nicolau podemos encontrar o tambor do tipo tamboril, de maior dimensão. Em Santiago, os tambores utilizados nas festas da tabanka possuem diferentes dimensões.
No Fogo, os tambores são decorados e são mais estreitos e compridos. O casco que é feito de folhas de metal (lata), é pintado com cores vivas e possui um orifício com cerca de 2 ou 3 centímetros de diâmetro. Nesta ilha, o tocador leva o tambor a tiracolo, mas a tira é mais comprida o que faz com que o tambor fique num nível do corpo mais baixo, deixando o braço esquerdo mais livre.
Ver e ouvir
Ouça aqui os tamboreiros de Covoada, São Nicolau, gravados em 1980 (do CD Music from São Nicolau : Cabo Verde – Ilhas do Barlavento)
Outros – É diversificado o conjunto dos membranofones de percussão utilizados na música cabo-verdiana, sobretudo na koladera: tumba, bongós e o djembê. Este último, atualmente é muito utilizado no batuku.
Membranofones friccionados
Cuíca ou puíta – Consiste num pequeno tambor geralmente de metal, com uma pele na parte superior. Na parte interior da pele, está fixada uma haste que é friccionada com um pano húmido.
A fricção do pano provoca um ruído característico e típico do samba. É utilizada sobretudo no Carnaval.
Korrepi – É constituído por um ressoador feito do bojo superior de uma cabaça coberta de pele na extremidade mais larga e da qual sai uma corda de pequena espessura, normalmente feita de sisal. Este fio por sua vez está atado a um pequeno ramo de árvore, ficando frouxo por forma a poder girar livremente. O instrumento é executado com movimentos rotativos que fazem com que o ar transmita as vibrações à membrana, provocando um som característico, nasalado (fonfom). Quanto maior é a velocidade do movimento giratório, maior é a intensidade e a altura do som. A técnica de execução do korrepi é a mesma que é empregue na execução do rhombus australiano, um zumbidor que remonta ao Paleolítico.
Devido ao som onomatopaico que produz, e que sugere a palavra “fong”, antigamente era utilizado nas festas de Páscoa e Pascoela em Santo Antão, sobretudo nas zonas do Corvo e Fontaínhas. Como tradição, as pessoas iam de casa em casa tocando o korrepi e em troca recebiam o “fongo” ou “cufongo”, que era feito à base de farinha de milho e banana verde, embrulhadas em folhas de bananeira e depois assadas nas brasas.