Luís Lima
Luís Filipe Cardeal de Lima
Paul, Santo Antão, 1952
Compositor
Parcerias com músicos como Ramiro Mendes, Paulino Vieira, Toy Vieira e Vaiss põem Luís Lima entre os principais autores de letras da música cabo-verdiana, com temas gravados por vários dos seus principais intérpretes.
Começa a escrever poemas ainda criança, praticamente ao mesmo tempo que se manifesta a doença, diagnosticada como artrite, que anos mais tarde o irá deixar tetraplégico. Aos 27 anos perde a visão. Mas nem a imobilidade nem a cegueira interferiram jamais com a sua capacidade de observação e sintonia com o dia-a-dia e as questões da sociedade e dos indivíduos que se movem e vêem. As letras de Luís Lima transpiram ora o lirismo amoroso da tradição da morna ora um humor acutilante, na crítica social, de que é um ótimo exemplo a ironia sobre os intelectuais de cafés, faixa-título do álbum Intelectual, de Ildo Lobo.
Aos 14 anos Luís Lima passa a viver em Portugal, onde permaneceu durante muitos anos. Atuamente vive em São Vicente. Contudo, diz que tudo o que escreve se baseia em África e em Cabo Verde. Pensa em Nelson Mandela a compor “Uma lágrima e amor”, escreve uma morna a pensar nas mães dos toxicodependentes (“Voz erguida d’um mãe”), brinca com a careca de Ramiro Mendes (“Ser careca”) e com as brincadeiras de adivinhas (“O que o que”).
Foi Paulino Vieira quem o desafiou pela primeira vez a escrever versos para serem musicados, nos anos 1980. O resultado foi “Dor di nha dor”, logo gravada por Bana e que veio mais tarde a ser o título de um livro de poemas. Sucederam-se outros compositores interessados em musicar os seus versos, sendo que Vaiss tem um álbum em que dez dos onze temas são parcerias de ambos. Toy Vieira, Paló e Ramiro Mendes são outros músicos com quem compôs em parceria.
Composições
Anjo negra, Barca de amor, Canter d’felicidade, Causa d’nha dor, Cretcheu maguode, Dor di nha dor (parcerias com Paulino Vieira); Casod, quebrod (parceria com Paló); Assim, assim? (Amizade na coraçon), Dzê que dzê, Ilusão d’cretcheu, Intelectual, Lágrima e súplica, Meditá, Nhas ais, O quê o quê, Paul, Par parzin, Ser careca, Tradiçon , Uma lágrima e amor, Velha Bichica, Voz erguida dum mãe (parcerias com Vaiss); Amdjer cretcheu, Cantos de amor, D’zemcontre, Montecara (Parceria com Toy Vieira); Africa um dia, Oh rosa negra, Sentimento (parcerias com Ramiro Mendes).
Publicou
Dor di nha Dor. Poemas. Editora Papa Letras, 2020.
Participação na IV Antologia de Poesia Contemporânea, organizada e editada por Luís Filipe Soares.