Katchás
Carlos Alberto Silva Martins
Renque Purga, Santa Cruz, Santiago T, 1951 – Praia, Santiago, 1988
Compositor, instrumentista (guitarra)
Guitarrista, compositor e líder do Bulimundo desde a sua fundação até 1986, Katchás será sempre lembrado como o mentor da revolução musical desencadeada por este grupo, ao transformar o funaná – até então uma expressão musical camponesa de Santiago sem qualquer impacto fora do meio rural – num género musical assumido nacionalmente, gerador de uma extensa discografia e dos mais expressivos da cultura cabo-verdiana.
A sua iniciação musical dá-se em Lisboa, no início da década de 1970. Com Armando Tito e outros músicos que coabitavam numa pensão no bairro lisboeta dos Anjos, participou num grupo chamado Cabo Verde Show, mas que não é o que surge em França com Manu Lima e René Cabral. Nessa pensão, Katchás passava horas a treinar com a guitarra, sozinho, e como havia bailes aos fins de semana, foi aí que tocou em público pela primeira vez. Em 1972, para fugir ao exército, partiu para França, onde trabalhou na construção civil e participou com conterrâneos do efémero Broda, com o qual animava bailes da comunidade cabo-verdiana e gravou um disco.
Regressa a Cabo Verde depois do 25 de abril e em 1978 funda o Bulimundo, que surge em público em 1980. Seis anos e seis discos depois, Katchás deixa o grupo. Como funcionário do MDRP, é transferido para Santo Antão, onde permanece um ano e meio. Nessa ilha junta-se ao grupo local Arco-Íris.
Em finais de 1987, regressa à Praia, agora como funcionário da Direção-Geral de Animação Cultural. Passa os seus últimos meses de vida a trabalhar na preparação do I Encontro Nacional de Música, que em março de 1988 reuniu na Praia um grande grupo de artistas provenientes de todo o arquipélago. Na noite do encerramento, encontrava-se com outros dois músicos participantes do encontro – Adriano Santos e Nando Lopes – quando, num acidente com o carro que conduzia, sofreu traumatismo craniano, o que determinou a sua morte algumas horas depois.
Composições
Ai Holanda; Amizadi; Baratu; Bem di Fora; Bia; Bulimundo; Compasso Pilon; Djam Brancu Dja; Ê Duêdu!; Emigrantes; Falsia; Hora di Bem; José; Lebam ku bo; Manu Lopi; Melodia nº 1; Melodia nº 2; Na Cantina Não; Nhu Ntoni; Pombinha; Pombinha Mansa; Rasta; Sabu Preto; Sentimento Cabo-Verdiano; Tera Bufa; Teresa; Tó Martins; Tradições; Vida di Guintcho.
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