Jovino dos Santos

Por GN em

Jovino dos Santos. Fonte: A Semana

Sátiro dos Santos

Povoação Velha, Boa Vista, 1946

Cantor, compositor

Cantor e compositor, Jovino dos Santos tem toda a sua discografia editada em Portugal e França. Foi para este país que partiu ao sair de Cabo Verde pela primeira vez, em 1964, permanecendo até 1967 em Estrasburgo, onde começou a aprender a tocar violão, com outros cabo-verdianos aí radicados. Em 1967 foi para Portugal, onde concluiu os estudos e frequentou uma formação em hotelaria. A partir de 1970, em duo com um músico português, tocou em bares em Lisboa e a seguir participou do grupo Cabo Verde Show (não confundir com o que vai ser formado em França anos depois), com Armando Tito, Datcha e Katchás, entre outros. Foi nessa altura que gravou o seu primeiro disco, um single com arranjos de Armando Tito. Com Katchás, irá tocar novamente em bailes da comunidade cabo-verdiana em Paris, para onde ambos partiram por volta de 1973. Jovino ficou a viver em França.

O seu primeiro LP, African people, com acompanhamento de Luís Morais e Voz de Cabo Verde (II), sai em 1978, e dá-lhe oportunidade de participar no Marché international du disque et de l’édition musicale (MIDEM), em Cannes, no ano seguinte. Segue-se Cabo Verde nha terra, com a participação de músicos cabo-verdianos residentes em França, entre os quais Eddy Moreno, pouco antes da morte deste. Afro-latino-disco, produzido em Lisboa e editado em França, conta com o núcleo de músicos que gira à volta de Paulino Vieira e que é suporte de grande número de gravações nessa altura, aparecendo ou não com a denominação Voz de Cabo Verde. É o caso dos três EP de Jovino que a Discos Monte Cara edita em finais dos anos 1980. O repertório de Jovino oscila nesses anos entre as tendências com que contacta no cosmopolitismo de Paris e a música cabo-verdiana mais tradicional.

Passam-se quase dez anos sem que o artista entre em estúdio até que, em 1997, sai Ex-Ilhas – Cap Vert à Paris, projeto em parceria com Luiz Silva, cujas letras falam, sob diferentes ângulos, da experiência da emigração. São interpretadas, para além de Jovino, por outros 13 artistas, grupo que reúne veteranos como Morgadinho, Mário Pop e Damião Matias e vozes que fazem então o seu primeiro registo, como Lutchinha e Nana Matias. Em 2003 sai Fidjos de África.

Autor de cerca de meia centena de temas, dos quais a maior parte encontra-se nos seus álbuns, mas também em discos de vários intérpretes, Jovino dos Santos não se tornou um músico profissional. Trabalhou durante anos na FNAC, na programação de um dos espaços promocionais desta rede de lojas dedicada a produtos culturais e tecnológicos, enquanto atuava regularmente em cafés-concerto e festivais de música africana e world music.

Em 2006, regressa a Cabo Verde, fixando-se no Mindelo, mas mantém-se com idas e vindas entre Cabo Verde e a França.

Discografia

  • Jovino e seu conjunto típico, EP, Alvorada, Porto, 1973.
  • African people, LP, International Record Import, Paris, 1978. Reeditado por Discos Monte Cara, Lisboa, 1979.
  • Cabo Verde nha terra, LP, ed. do artista, Paris, 1981. Reedição em CD: Mornas e Coladeras du Cap Vert, Playasound, Paris, 1994, 1996.
  • Afro-latino-disco, LP, Safari Ambience, Paris, 1983.
  • Jovino (compilação com temas de Afro-latino-disco e Cabo Verde nha terra), LP, Metro Som, Lisboa, 1984.
  • Jovino dos Santos e Voz de Cabo Verde, EP, Discos Monte Cara, Lisboa, 1987.
  • Jovino dos Santos e Voz de Cabo Verde, EP, Discos Monte Cara, Lisboa, 1988.
  • Jovino dos Santos e Voz de Cabo Verde (compilação com temas de African People), EP, Discos Monte Cara, Lisboa, 1988.
  • Ex-ilhas – Cap Vert à Paris, CD, Mário Silva, Paris, 1997. Com vários artistas. Jovino interpreta “Nha regresse” e “Porte Grande”.
  • Fidjos de África, CD, Mélodie, Paris, 2003.
  • Nesse mesma luta, CD, Nos ku Nhos, Áustria, 2018.
  • Participação na compilação Sinthetize the Soul, Ostinato Records, 2017.

Ver e ouvir

error: Content is protected !!