Os instrumentos de sopro em Cabo Verde e os seus músicos






A utilização dos instrumentos de sopro no contexto da música popular tem estado, ao longo da história musical em diferentes países, bastante associada às bandas de corporações militares, de bombeiros ou polícias. E também às bandas municipais. Afinal, estes instrumentos são os mais numerosos e de maior destaque dentro deste tipo de agrupamento musical.
Em Cabo Verde não é diferente, e desde o século XIX podemos encontrar, na imprensa, informações sobre músicos que, muitas vezes, à parte a incumbência de tocarem numa banda, atuavam também como professores particulares, além de tocarem em atividades fora da banda. Por exemplo, a 04.11.1871 o Boletim Oficial publica o seguinte anúncio: “O músico Pompeo Augusto Cezar dá lições de piano e canto, ensinando também a tocar qualquer dos instrumentos marciais. Todos os dias, excetuando as quintas-feiras e domingos. Rua do quartel, nº 17. Preço mensal: 2.400 réis.”. Meses depois é António Augusto dos Santos que propõe os seus serviços: “(…) dá lições de música e também ensina a tocar todos os instrumentos marciais”, e as aulas podem ser na casa do mestre ou na do aluno, segundo o BO de 15.06.1872.
São vários os exemplos que podemos citar de músicos da área dos sopros que começaram numa banda: Morgadinho, Luís Morais e Manuel Clarinete, por exemplo, entraram ainda meninos na Banda Municipal de São Vicente à época sob a batuta do Sr. Reis. Enquanto isso, Jorge Cornetim (Jotamonte) tocava trompete (que naquela época era habitualmente chamado cornetim, daí a sua alcunha) na Banda Municipal da Praia.
Chala, irmão de Manuel Clarinete, e que com ele frequentou a Banda Municipal da Praia, Cesário Duarte, também da banda, assim como o filho, são outros exemplos de músicos ligados a bandas e dedicados aos sopros. Numa outra geração, há os irmãos Adriano Santos e Nhela Santos.
Há também músicos que acabaram por deixar de lado, na sua carreira musical, o instrumento de sopro, enveredando por outras áreas, como a composição e canto, ou tocando outro instrumento. Mas foi com um instrumento de sopro, e numa banda, que tudo começou. Casos de Iduíno, do Ferro Gaita, que tocava trompete na Banda Municipal da Praia, e Michel Montrond, que durante o serviço militar tocou trombone de vara, sob o comando de Casimiro Tavares na Banda das Forças Armadas, este por sua vez um trombonista, embora tenha começado com o saxofone.
A propósito de bandas, a família Tavares é uma fonte de músicos para elas, já que Roberto Moreno Tavares, clarinetista e regente da Banda das Forças Armadas desde 2012, é irmão de Casimiro Tavares, e também de Juvenal Tavares, saxofonista e regente da Banda Municipal da Praia, na qual Alcides Tavares, outro irmão, toca trompete. De referir ainda dois sobrinhos destes músicos, Adailton (clarinete) e Paulo (sax alto), que são membros da Banda Municipal da Praia.
Muito antes disso, Luís Rendall tocou clarinete na Banda Municipal de São Vicente, antes de abraçar o violão que lhe deu notoriedade.
Esta página destina-se a destacar os músicos cabo-verdianos e das comunidades cabo-verdianas na diáspora que se dedicam aos instrumentos de sopro.
Visite as suas páginas: Adriano Santos, António Santiago, Cesário Duarte, Chala, Duca d’Nho Pitra, Jack Estrelinha, John Matias, Jotamonte, Luís Morais, Manel Tidjena, Manuel Clarinete, Mário Silva, Morgadinho, Nhela Santos, Nhenga Matias, Nonó do grupo Bulimundo, Pomba, Totinho.
Refira-se que, nos Estados Unidos, eles foram vários a destacar-se, ultrapassando os limites da comunidade cabo-verdiana e fazendo carreira no mundo do jazz. Por exemplo, Paul Gonsalves, Young Boboy e Joe Livramento, Jimmy Lomba, Phill Barboza e Michael “Tunes” Antunes.
Ainda dentro dos instrumentos de sopro, há a referir os búzios, chifres e cornetas tocados durante as atividades festivas das tabankas, em geral por participantes anónimos dessas festas. O grupo Ferro Gaita é, com Pitó e Manel Tilina, um dos raros exemplos em que o búzio sai da festa popular de rua para ocupar um lugar entre os instrumentos de palco.






Agradecimentos a Roberto Moreno Tavares pelas informações para a produção desta página.
Esta é uma

Pouco a pouco mais nomes virão fazer parte dela.
Se você tem informações ou fotos sobre algum músico que deveria estar aqui e ainda não está, envie para contato@caboverdeamusica.online e participe na construção desta página. Agradecemos desde já.