Houss

Por GN em

Houss, num concerto de Tcheka no Palácio da Cultura, Praia, 2005. Foto: Gláucia Nogueira

Raul Vieira Ribeiro

Praia, 1964

Instrumentista (bateria, percussão)

Na virada dos anos 1990 para 2000, quando figuras como Orlando Pantera, Tcheka e Mayra Andrade despontavam no cenário musical cabo-verdiano, época em que o pub Tex, no centro histórico da cidade da Praia, era o palco para esses e outros novos talentos, o percussionista Raul Ribeiro “Houss” marcava presença em muitos palcos. 

Participou nos grupos Assigó e Arkora, surgidos naquele período. O Arkora, recorde-se, foi o grupo que acompanhou Mayra no concurso da Francofonia, no Canadá, quando ela se destacou recebendo medalha de ouro,  em 2001. No ano anterior, o grupo tocara na Exposição Universal, realizada em Hannover, Alemanha.

Dos tempos do Tex, Houss lembra-se de uma jam session com Paulino Vieira e o saxofonista português Carlos Martins, e no Fesquintal de Jazz, em 2002, tocou numa jam session com o pianista de jazz cubano Abel Marcel. Nesses primeiros anos da década de 2000, a dinâmica programação do Centro Cultural Francês na Praia proporcionou vários concertos de músicos estrangeiros, e em várias ocasiões Houss  acompanhou-os na bateria ou percussão.

 Ao longo dos anos, Raul Ribeiro acompanhou artistas como Tcheka, Princezito, Vadú, Mário Lúcio, Teté Alhinho, Debie e Khyra, entre outros. Em São Vicente, em atuações na Galeria Nho Djunga, tocou com Vasco Martins, Vlu e Pinúria.  

Quanto a gravações, acompanha Tcheka em dois dos seus álbuns e Mayra no CD Cap Vers l’Enfant. Participa também do CD Tras di Son, de Djinho Barbosa, e do CD coletivo Ayan – New Music from Cabo Verde.

O percurso de Houss começa ainda bem jovem, tocando bateria de forma autodidata, e mais tarde passou para a percussão. Num período passado em Portugal, nos anos 1980, teve algumas aulas com o baterista português Kakun. Mais tarde, a viver na ilha do Sal, teve contato com duas pessoas que considera o terem influenciado bastante como músico: Tate d’Laurindo (Nataniel Nascimento) e Naza (Luís Tomar). Outros nomes que refere como fontes de inspiração são Tey Santos, “pela sua forma de tocar, técnica e disciplina e como pessoa também”, e Mário Augusto Spencer Lima (irmão de Tolas e Pomba), antigo membro da Banda Municipal de São Vicente.

Kisó, Raul, Angelo e Ricardo, membros do Arkora. Fonte: bocadetubarao.blogspot.com

Raul Ribeiro em entrevista a Cabo Verde & a Música – Museu Virtual (junho de 2024) refere que considera ter sido o introdutor em Cabo Verde do cajon (instrumento percussivo que consiste numa caixa de madeira), que até então era praticamente desconhecido. “Desde então, muitos músicos o adotaram”, refere. Criou também uma forma de tocar este instrumento introduzindo vários outros elementos de percussão, de forma que um amigo apelidou o seu set de “percuteria”.

Em 2011 Raul transferiu-se para os Estados Unidos, tendo vivido em Massachusetts por cerca de dois anos. Nesse período, tocou com José Luís Santos Spencer, Candida Rose e Sança Gomes, entre outros. Em seguida fixou-se na Florida, onde se encontra desde então. Nos últimos anos não tem tocado.  

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