Fátima Santiago-Benjamin

Por GN em 19 de Maio, 202319 de Maio, 2023

Mária de Fátima Santiago

Docente, cantora

Sal, 1954

Cantora, compositora, docente, terapeuta musical

Fátima Santiago-Benjamin é um nome pouco conhecido em Cabo Verde, de onde partiu aos 13 anos rumo ao Senegal e, anos mais tarde, França. Estudou canto lírico no Conservatório Internacional de Paris e na Escola Nacional francesa, e é esta disciplina que ensina no Instituto Chopin, em Point-à-Pitre, Guadalupe, onde reside desde finais da década de 1980. Foi a primeira pessoa nas Antilhas francesas a formar artistas que enveredaram por carreiras de nível internacional na área do canto lírico.

Fátima nasceu no Sal porque os pais aí se encontravam temporariamente, ligados à construção do aeroporto. Cresceu entre São Vicente e São Nicolau, de onde são os avós e onde tem vários familiares – um deles, seu tio pelo lado da mãe, Armando Zeferino. O seu pai, António Santiago, músico dos sopros e das cordas, fez parte da Banda Municipal de São Vicente, além de construir instrumentos. Há na família outros músicos, como os mindelenses Manel d’Tidjena e Jack do Carmo.

Entre as reminiscências sonoras da sua infância está também a guisa dos funerais, que ouvia a avó entoar. Foi por volta dos 9 anos que ouviu a sua própria voz pela primeira vez. “Rapidamente, percebi que ela seria para mim um meio de comunicação único”, diz a cantora e professora, que recorda que ainda bem cedo já sabia cantar todas as músicas de Roberto e Erasmo Carlos, entre outras do Brasil. O fado de Amália Rodrigues também fez parte das suas cantorias de adolescente, relata num artigo na revista Sempre Viva (junho 2016).

Aos 10 anos, começou a cantor nos cultos das Testemunhas de Jeová. Mais tarde, já a viver em França, integrou um coro desta igreja, com 60 vozes, que considera ter sido uma verdadeira escola. Nesse contexto, participou também de atividades teatrais.

Cursou o Conservatório Internacional de Música de Paris, depois de ter tido aulas de solfejo e canto com professores particulares. Devido ao seu percurso anterior, concluiu rapidamente o segundo ciclo de estudos no conservatório, sem sequer ter passado pelo primeiro. A seguir, transferiu-se para a Guiana Francesa, devido a compromissos profissionais do marido, e continuou a sua formação, seguindo cursos de canto lírico e solfejo em grupo, na Escola Nacional de Música de Caiena. Desde finais da década de 1980 reside na Guadalupe.

Em meados da década de 1990, Fátima Santiago-Benjamin iniciou um estudo científico da arte vocal, o que a levou a criar um método próprio de ensino, que favorece o desenvolvimento dos seus alunos. Tudo começou quando certo dia, após uma apresentação, perdeu a voz. Essa situação levou-a a embrenhar-se num estudo profundo sobre a voz e os elementos que a influenciam. Partindo da obra de Yva Barthélémy, cantora de ópera e pedagoga italiana a quem tinha acontecido a mesma coisa, estudou profundamente todo o sistema orgânico de produção de sons, do ponto de vista anatómico e fisiológico.

Mais tarde criou, a partir da sua experiência pedagógica de preparação de alunos para os exames no Conservatório Nacional de Paris, uma técnica inovadora, designada “neuro-fisio-fonia”. Esta técnica consiste em trabalhar com as ondas cerebrais na produção sonora e também na escolha de cores atribuídas a determinada obra musical seguindo determinadas regiões cerebrais. Fátima Benjamin, em declarações a Cabo Verde & a Música – Museu Virtual (entrevista em março 2023), informa que continua a aperfeiçoar esta técnica que, segundo ela, “revela que é o cérebro que ‘canta’ e que ele nos oferece a tonalidade que desejamos obter em função do hemisfério cerebral que deixamos ‘cantar’.

Além do seu trabalho como docente e terapeuta musical, Fátima Santiago-Benjanim gravou até o momento dois singles, com composições da sua autoria: em 2012, “Terra Caríssima”, e em 2021 o “Africa Lavanta”.