ANOS 2000 EM CABO VERDE

 Uma exposição fotográfica de Francisco Fontes

Francisco Fontes trabalhou em Cabo Verde como delegado da Agência Lusa durante três anos no início da década de 2000. Dos muitos contatos com personagens da cena musical, para reportagens e entrevistas que realizou nesse período, resultaram imagens que fixam momentos daqueles tempos e contribuem para preservar as memórias musicais de Cabo Verde. Um pouco desse acervo está aqui, assim como registos posteriores de eventos culturais a que esteve associado.

Agusto Cego (2003) na sua casa em Piquinho, a 6 km da cidade de S. Filipe, Ilha do Fogo. Agostinho de Pina, compositor e multi-instrumentista começou a cegar do olho direito aos quatro anos, e aos 14 já tinha perdido completamente a visão. A causa foi um problema de cataratas, diagnosticado anos mais tarde. Aprendeu a tocar procurando imitar o seu tio Rabolo ao violino, violão e viola de dez cordas. Aos nove anos, com o contributo dos pais e amigos, consegue reunir 150 escudos para adquirir um cavaquinho. Aos 13 anos compõe a sua primeira música.
Agusto Cego (2003) na sua casa em Piquinho, a 6 km da cidade de S. Filipe, Ilha do Fogo. Agostinho de Pina, compositor e multi-instrumentista começou a cegar do olho direito aos quatro anos, e aos 14 já tinha perdido completamente a visão. A causa foi um problema de cataratas, diagnosticado anos mais tarde. Aprendeu a tocar procurando imitar o seu tio Rabolo ao violino, violão e viola de dez cordas. Aos nove anos, com o contributo dos pais e amigos, consegue reunir 150 escudos para adquirir um cavaquinho. Aos 13 anos compõe a sua primeira música.
Ano Nobo (2003) na sua casa em S. Domingos, Ilha de Santiago.
Ano Nobo (2003) na sua casa em S. Domingos, Ilha de Santiago.
Ano Nobo (2003) na sua casa em S. Domingos, Ilha de Santiago.
Ano Nobo (2003) na sua casa em S. Domingos, Ilha de Santiago.
Bau (2003). Bar do Hotel Porto Grande, em Mindelo, Ilha de S. Vicente.
Bau (2003). Bar do Hotel Porto Grande, em Mindelo, Ilha de S. Vicente.
Cesária Évora (2003). Na sua casa, em Mindelo, Ilha de S. Vicente. Procurara-a para lhe fazer uma entrevista, que declinou por falta de autorização do seu agente. No seu jeito afável e simples ofereceu-me um disco promocional em vinil, e deixou-se fotografar com os meus filhos Eva e Jano, e com o Alex, filho do Tchalê Figueira.
Cesária Évora (2003). Na sua casa, em Mindelo, Ilha de S. Vicente. Procurara-a para lhe fazer uma entrevista, que declinou por falta de autorização do seu agente. No seu jeito afável e simples ofereceu-me um disco promocional em vinil, e deixou-se fotografar com os meus filhos Eva e Jano, e com o Alex, filho do Tchalê Figueira.
Ildo Lobo (2003), à entrada do seu escritório de Despachante Oficial, na Cidade da Praia.
Ildo Lobo (2003), à entrada do seu escritório de Despachante Oficial, na Cidade da Praia.
Ildo Lobo (2003). No seu escritório de Despachante Oficial, na Cidade da Praia. Ildo Lobo confessara ter dois sonhos, de que nunca iria desistir: cantar acompanhado de uma orquestra, e ver criada a Orquestra Nacional de Cabo Verde. Iria falecer no ano seguinte, em 2004, com 51 anos, sem ver esses desejos concretizados.
Ildo Lobo (2003). No seu escritório de Despachante Oficial, na Cidade da Praia. Ildo Lobo confessara ter dois sonhos, de que nunca iria desistir: cantar acompanhado de uma orquestra, e ver criada a Orquestra Nacional de Cabo Verde. Iria falecer no ano seguinte, em 2004, com 51 anos, sem ver esses desejos concretizados.
Kaká Barboza (2002), na Câmara Municipal da Assomada, a ler alguns poemas ainda inéditos. Dizia ser um homem do campo que se deixava encantar pelas simples coisas do quotidiano. Aí recolhia o fermento para as criações, na música, poesia ou conto.
Kaká Barboza (2002), na Câmara Municipal da Assomada, a ler alguns poemas ainda inéditos. Dizia ser um homem do campo que se deixava encantar pelas simples coisas do quotidiano. Aí recolhia o fermento para as criações, na música, poesia ou conto.
Kaká Barboza (2002), na Câmara Municipal da Assomada, a ler alguns poemas ainda inéditos. Era um trovador das coisas do povo.
Kaká Barboza (2002), na Câmara Municipal da Assomada, a ler alguns poemas ainda inéditos. Era um trovador das coisas do povo.
Kodé di Dona (2003), ou Gregório Vaz, na sua casa, em S. Francisco, arredores da Cidade da Praia. Ainda adolescente, nos anos 50 do século XX, teve a primeira gaita por troca com uma cabra. Na sua sabedoria, dizia que a vida de músico “é como uma vaca parida. Se tem bom tratamento dá muito leite, se não tem não dá nada. Também um homem, se toca um instrumento com fome, a música não é 'sabe'”.
Kodé di Dona (2003), ou Gregório Vaz, na sua casa, em S. Francisco, arredores da Cidade da Praia. Ainda adolescente, nos anos 50 do século XX, teve a primeira gaita por troca com uma cabra. Na sua sabedoria, dizia que a vida de músico “é como uma vaca parida. Se tem bom tratamento dá muito leite, se não tem não dá nada. Também um homem, se toca um instrumento com fome, a música não é 'sabe'”.
Luís Morais (2003). Na escola de música do Centro Nacional de Artesanato, em Mindelo, Ilha de S. Vicente. No seu jeito galhofeiro, Luís Morais respondia a quem lhe perguntava a idade que a tinha de dizer em duas etapas, para tornar mais suave o número de anos de vida já acumulados.
Luís Morais (2003). Na escola de música do Centro Nacional de Artesanato, em Mindelo, Ilha de S. Vicente. No seu jeito galhofeiro, Luís Morais respondia a quem lhe perguntava a idade que a tinha de dizer em duas etapas, para tornar mais suave o número de anos de vida já acumulados.
Mário Lúcio (2002) a dedicar um dos seus livros de poesia, no Quintal da Música, que dirigia com Teté Alhinho na Cidade da Praia.
Mário Lúcio (2002) a dedicar um dos seus livros de poesia, no Quintal da Música, que dirigia com Teté Alhinho na Cidade da Praia.
Mayra Andrade (2002), na sua casa na Cidade da Praia. Já nesse tempo, ainda aspirante a cantora profissional, experimentava uma mesclagem criativa de géneros musicais do seu país, da morna, coladeira, batuque ou funaná, com o jazz, a música brasileira e com outros ritmos africanos.
Mayra Andrade (2002), na sua casa na Cidade da Praia. Já nesse tempo, ainda aspirante a cantora profissional, experimentava uma mesclagem criativa de géneros musicais do seu país, da morna, coladeira, batuque ou funaná, com o jazz, a música brasileira e com outros ritmos africanos.
Mayra Andrade (2002), na sua casa na Cidade da Praia. No ano anterior, aos 16 anos, conquistara para Cabo Verde, em Ottawa, no Canadá, a primeira medalha de ouro dos Jogos da Francofonia, na modalidade de canção. O prémio permitiu-lhe desenvolver estudos musicais em Paris durante meio ano.
Mayra Andrade (2002), na sua casa na Cidade da Praia. No ano anterior, aos 16 anos, conquistara para Cabo Verde, em Ottawa, no Canadá, a primeira medalha de ouro dos Jogos da Francofonia, na modalidade de canção. O prémio permitiu-lhe desenvolver estudos musicais em Paris durante meio ano.
Nacia Gomi (2002). Na sua casa, na Cidade da Praia.
Nacia Gomi (2002). Na sua casa, na Cidade da Praia.
Nacia Gomi (2002). Na sua casa, na Cidade da Praia.
Nacia Gomi (2002). Na sua casa, na Cidade da Praia.
Manuel d’Novas (2003). Na sua casa em Mindelo, ilha de S. Vicente. Aos 16 anos o desejo de aventura fá-lo marinheiro. Até então a música não lhe despertara interesse. Os tempos mortos no barco entusiasmam-no a aprender com os colegas marinheiros a tocar violão. Três anos mais tarde compõe a sua primeira morna.
Manuel d’Novas (2003). Na sua casa em Mindelo, ilha de S. Vicente. Aos 16 anos o desejo de aventura fá-lo marinheiro. Até então a música não lhe despertara interesse. Os tempos mortos no barco entusiasmam-no a aprender com os colegas marinheiros a tocar violão. Três anos mais tarde compõe a sua primeira morna.
Manuel d’ Novas (2003), na sua casa em Mindelo, ilha de S. Vicente. Em retrospetiva, reconhece que se se não tivesse tornado marinheiro do Novas de Alegria talvez o “dom da natureza” não se tivesse revelado. O acaso induziu-lhe um caminho. Do nome do barco, Manuel de Jesus Lopes ganha também o "nominho" Manuel d’Novas, que usa como criador musical.
Manuel d’ Novas (2003), na sua casa em Mindelo, ilha de S. Vicente. Em retrospetiva, reconhece que se se não tivesse tornado marinheiro do Novas de Alegria talvez o “dom da natureza” não se tivesse revelado. O acaso induziu-lhe um caminho. Do nome do barco, Manuel de Jesus Lopes ganha também o "nominho" Manuel d’Novas, que usa como criador musical.
Voginha, Maninho Almeida, Carlos Matos, Bau (2014). Pausa nos ensaios para a estreia da Orquestra Nacional de Cabo Verde, no Palácio da Assembleia Nacional, Cidade da Praia.
Voginha, Maninho Almeida, Carlos Matos, Bau (2014). Pausa nos ensaios para a estreia da Orquestra Nacional de Cabo Verde, no Palácio da Assembleia Nacional, Cidade da Praia.
Humbertona (2014). Atrás, Tey Santos, Yuri da Graça e Voginha. Pausa nos primeiros ensaios para a estreia da Orquestra Nacional de Cabo Verde, no Palácio da Cultura Ildo Lobo, Cidade da Praia.
Humbertona (2014). Atrás, Tey Santos, Yuri da Graça e Voginha. Pausa nos primeiros ensaios para a estreia da Orquestra Nacional de Cabo Verde, no Palácio da Cultura Ildo Lobo, Cidade da Praia.
Ensaio da Orquestra Nacional de Cabo Verde (2015). Na Biblioteca Nacional, na Cidade da Praia.
Ensaio da Orquestra Nacional de Cabo Verde (2015). Na Biblioteca Nacional, na Cidade da Praia.
Ensaio da Orquestra Nacional de Cabo Verde (2015), na Biblioteca Nacional, na Cidade da Praia. Os músicos levam os seus filhos para os ensaios.
Ensaio da Orquestra Nacional de Cabo Verde (2015), na Biblioteca Nacional, na Cidade da Praia. Os músicos levam os seus filhos para os ensaios.
Ensaio da Orquestra Nacional de Cabo Verde (2014). Palácio da Cultura Ildo Lobo, na Cidade da Praia.
Ensaio da Orquestra Nacional de Cabo Verde (2014). Palácio da Cultura Ildo Lobo, na Cidade da Praia.
Ensaio da Orquestra Nacional de Cabo Verde (2014). Palácio da Cultura Ildo Lobo, na Cidade da Praia.
Ensaio da Orquestra Nacional de Cabo Verde (2014). Palácio da Cultura Ildo Lobo, na Cidade da Praia.
Ensaio da Orquestra Nacional de Cabo Verde (2014), no Palácio da Cultura Ildo Lobo, na Cidade da Praia.
Ensaio da Orquestra Nacional de Cabo Verde (2014), no Palácio da Cultura Ildo Lobo, na Cidade da Praia.
Maestro Casimiro Tavares - Ensaio da Orquestra Nacional de Cabo Verde (2015), na Biblioteca Nacional, na Cidade da Praia.
Maestro Casimiro Tavares - Ensaio da Orquestra Nacional de Cabo Verde (2015), na Biblioteca Nacional, na Cidade da Praia.
Concerto da Orquestra Nacional de Cabo Verde com Lúcia Cardoso, no seu primeiro aniversário (2015). Num palco montado na Pracinha da Escola Grande, Cidade da Praia.
Concerto da Orquestra Nacional de Cabo Verde com Lúcia Cardoso, no seu primeiro aniversário (2015). Num palco montado na Pracinha da Escola Grande, Cidade da Praia.
Concerto da Orquestra Nacional de Cabo Verde com Nancy Vieira, no seu primeiro aniversário (2015). Num palco montado na Pracinha da Escola Grande, Cidade da Praia.
Concerto da Orquestra Nacional de Cabo Verde com Nancy Vieira, no seu primeiro aniversário (2015). Num palco montado na Pracinha da Escola Grande, Cidade da Praia.
Vasco Martins (2015). Concerto acompanhado pela Orquestra Clássica do Centro (Portugal), no Centro Cultural Português da Cidade da Praia.
Vasco Martins (2015). Concerto acompanhado pela Orquestra Clássica do Centro (Portugal), no Centro Cultural Português da Cidade da Praia.
Vasco Martins (2009). Às sextas-feiras à tarde eram frequentes os encontros na Praia do Norte, ilha de S. Vicente, junto ao arco de pedra que o Vasco Martins aí mandara erigir. Dessa vez eu fora de Portugal para apresentar a antologia de poesia "Destino de Bai", que organizara. O grupo era extenso, de várias latitudes, e as conversas fluíam. À volta de uns panos estendidos na areia partilhava-se vinho tinto, azeitonas, chouriço, presunto, queijo e pão.
Vasco Martins (2009). Às sextas-feiras à tarde eram frequentes os encontros na Praia do Norte, ilha de S. Vicente, junto ao arco de pedra que o Vasco Martins aí mandara erigir. Dessa vez eu fora de Portugal para apresentar a antologia de poesia "Destino de Bai", que organizara. O grupo era extenso, de várias latitudes, e as conversas fluíam. À volta de uns panos estendidos na areia partilhava-se vinho tinto, azeitonas, chouriço, presunto, queijo e pão.
Vasco Martins e Tchalê Figueira (2009) num concerto espontâneo no Tibete, a casa do Vasco na Ribeira de Calhau, ilha de S. Vicente.
Vasco Martins e Tchalê Figueira (2009) num concerto espontâneo no Tibete, a casa do Vasco na Ribeira de Calhau, ilha de S. Vicente.
Mário Lúcio e Vasco Martins (2015) em Coimbra, na Orquestra Clássica do Centro, na preparação do concerto com sinfonias do Vasco Martins, no qual Mário Lúcio canta um tema da sua autoria. Nesse dia, a 12 de julho, Mário Lúcio recebe no Salão Nobre da Câmara Municipal o Prémio Literário Miguel Torga pelo romance "Biografia do Língua".
Mário Lúcio e Vasco Martins (2015) em Coimbra, na Orquestra Clássica do Centro, na preparação do concerto com sinfonias do Vasco Martins, no qual Mário Lúcio canta um tema da sua autoria. Nesse dia, a 12 de julho, Mário Lúcio recebe no Salão Nobre da Câmara Municipal o Prémio Literário Miguel Torga pelo romance "Biografia do Língua".
Vasco Martins, Tchalê Figueira e Francisco Fontes (2015). Numa pausa da preparação do Concerto de Vasco Martins acompanhado pela Orquestra Clássica do Centro, no Centro Cultural Português da Cidade da Praia (foto de Emília Martins).
Vasco Martins, Tchalê Figueira e Francisco Fontes (2015). Numa pausa da preparação do Concerto de Vasco Martins acompanhado pela Orquestra Clássica do Centro, no Centro Cultural Português da Cidade da Praia (foto de Emília Martins).
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Francisco Fontes, natural da região de Trás-os-Montes, Portugal trabalhou como jornalista ao longo de duas décadas e meia. Teve o primeiro contacto profissional com Cabo Verde na década de 1990. Retornou em 2001 e até 2004 foi o delegado da Lusa-Agência de Notícias de Portugal. Essa permanência permitiu-lhe conhecer nove das dez ilhas (à exceção da Brava) e realizar reportagens, muitas delas com cultores musicais.

De regresso a Portugal ajudou a estabelecer pontes de cooperação a partir de Coimbra. Em 2005, a convite da Câmara Municipal de Coimbra, concebe o pré-programa do projeto Mindelo em Coimbra, e em 2008 o das comemorações da Independência de Cabo Verde em Coimbra, com a participação do então Primeiro-Ministro Dr. José Maria Neves. Mindelo em Coimbra foi o ponto de partida para uma importante cooperação musical. Pela primeira vez a Orquestra Clássica do Centro (OCC) interpretou sinfonias inéditas de Vasco Martins. A ligação estendeu-se ao longo dos anos e dela resultaram vários concertos, a edição do CD de composições inéditas de Vasco Martins Viagens no imaginário da Morna (2016), o livro Cesária, a Rota da Lua vagabunda, de Tchalê Figueira e Vasco Martins (2015), e a participação do compositor cabo-verdiano nos IV Encontros Internacionais de Guitarra (2010). Esta cooperação culminou na participação da OCC na formação da Orquestra Nacional de Cabo Verde.

O acervo fotográfico disponibilizado a Cabo Verde & a Música – Museu Virtual foi criado ao longo de jornadas pelo arquipélago, das reportagens realizadas, e das viagens da OCC a Cabo Verde enquadradas na cooperação com a Orquestra Nacional. Parte das imagens sobre a cultura musical de Cabo Verde já foi mostrada em Coimbra nas exposições Rostos da Música (2015), Faces da Arte e Festas da Tabanca (ambas em 2008).

Francisco Fontes organizou e publicou Tchuba na Desert – Antologia do Conto Inédito Caboverdiano (2006) e Destino de Bai (2008), antologia de poesia inédita de autores de Cabo Verde.

Em 2012 encerra profissionalmente a atividade de jornalista, tendo posteriormente desempenhado funções de assessor de comunicação. Em seguida dedica-se à investigação sobre os media no âmbito do doutoramento em Estudos Contemporâneos no Ceis20 – Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra.

francisco fontes fotógrafo