Exposição 1 Marzio Marzot
Exposição FOTOGRÁFICA
Música de Cabo Verde pela lente de Marzio Marzot
O fotógrafo italiano Marzio Marzot tem uma longa história com a música de Cabo Verde. Desde a década de 1980 vem fotografando os seus personagens, em registos que ajudam a contar a história e as histórias desses artistas. Nesta exposição, a primeira de uma série que Cabo Verde & a Música – Museu Virtual pretende apresentar, estão reunidas fotos feitas em Roma, onde Marzot reside quando não se encontra em São Nicolau . São imagens captadas ao longo de duas décadas, de artistas cabo-verdianos que se deslocaram à Itália para concertos e outros aí residentes.
Sejam bem-vindos!
Sugestão:
veja a exposição
ouvindo Mindel Band
Marzio Marzot é fotógrafo e consultor de comunicação audiovisual para o desenvolvimento. Há trinta anos trabalha para a FAO e outras organizações de cooperação internacional, criando em todo o mundo serviços fotográficos, cursos de formação, programas de vídeo e CD-Rom, ocupando-se também, nesses trabalhos, dos aspectos sonoro e musical. Sobre Cabo Verde, publicou inúmeras reportagens e um livro para a Organização das Mulheres de Cabo Verde-Itália (OMCVI): Capo Verde, una storia lunga dieci isole. Na Itália trabalhou com fotografia antropológica, fotografia social e hoje principalmente com relações interculturais.
Palavras de Marzio Marzot
“Sempre fotografei e sempre adorei música, desde que usava calças curtas…
Então na minha vida fui fotógrafo (profissional) e músico (amador): dois amores sempre vivos que nunca me abandonaram. O fascínio pelas imagens e pela música marcou toda a minha vida, com total entusiasmo e sinceridade.
Desde criança segui a passagem na Itália de grandes artistas de jazz, como Louis Armstrong, Ella Fitzgerald, o Modern Jazz Quartet, conseguindo fotografar mitos como Gerry Mulligan, Bobby Utcherson, Cedar Walton, Joe Henderson, Philly J. Jones, etc., mas depois, como profissional, trabalhei também com Giorgio Gaslini (piano) e Bruno Tommaso (baixo), grandes nomes do jazz italiano.
De facto, sempre me confrontei com a música, abordando com amor e respeito, e acima de tudo sempre sentindo-me em casa.
Cheguei a Cabo Verde pela primeira vez no início dos anos 1980, enviado pela FAO (como perito em comunicação para o desenvolvimento), para colaborar na formação do primeiro sistema nacional de informação dedicado aos agricultores (Extensão Rural). Em 1986, na Praia, aproveitei para assistir aos ensaios do grupo Bulimundo, o mais forte grupo musical daqueles anos, cheio de empenho no resgate de tradições: um maravilhoso trabalho de homens motivados, apaixonados e sinceros, um compromisso que nunca acabou e ainda vive entre nós. Com eles aprendi a amar (e a distinguir) o batuque, o funaná, a coladeira e a morna … algo nada óbvio, para quem veio de Itália! Mas naquela ocasião se abriu para mim um mundo fascinante que certamente ainda hoje não esgotou sua carga emocional e cultural. Afinal, é sabido que em Cabo Verde a música desempenha um papel muito importante na formação da identidade nacional, e basta ler o que Amílcar Cabral escreve sobre música para compreender e ficar plenamente convicto!
Naqueles anos, colaborando com as associações de cabo-verdianos que migraram para Itália, participei com paixão nas extraordinárias iniciativas que organizaram a chegada de grandes artistas como a insuperável Cesária Évora (então quase desconhecida), Paulino Vieira, Bau, Voginha, Ildo Lobo, Celina Pereira, Titina, Hermínia, etc. … por vezes conseguindo fotografá-los nas suas melhores expressões, quando os seus rostos refletiam a alegria e o entusiasmo de toda a comunidade cabo-verdiana que os rodeava aplaudindo. E também artistas residentes na Itália, como a esplêndida Jerusa Barros (a quem apoiei nos primeiros passos), Ondina (que vi nascer cantora e crescer!) e depois Tchiss, Bebeth, Adão, Branco, etc. etc.”
Marzio Marzot