Djedjinho

Por D O em

Djedjinho. Fonte: Trajectória de um Génio

José Gomes da Graça

Nossa Senhora do Monte, Brava, 1912 – Taunton, EUA, 1994

Compositor, instrumentista (violino)

Representante do tempo das serenatas e dos bailes ao som de mornas, mazurcas, polcas, contradanças e sambas, com grupos de viola, violino e cavaquinho, Djedjinho era ainda quase uma criança quando começa a animar as noites da Ilha Brava, o que faz durante muito tempo, até emigrar, em 1963, para os Estados Unidos.

Nessa ocasião, de passagem por Santiago, o seu nome fica acidentalmente associado a um episódio da vida do escritor Gabriel Mariano que determinou a transferência deste, funcionário público, para Moçambique. Numa sessão cultural em que Djedjinho participava com o seu violino, Mariano afirma, numa palestra, não fazer sentido que em Cabo Verde se estudasse o latim, uma língua morta, e não o crioulo, uma língua viva. “Isso causou um burburinho imediato, a PIDE começou a apertar o cerco à minha volta, acabei por ser transferido”, relata o escritor (Cabo Verde & a Música Dicionário de Personagens); este episódio é também relatado na entrevista de Gabriel Mariano a Michel Laban, em Cabo Verde – Encontro com escritores, vol. I).

Nos EUA, Djedjinho vive inicialmente em Sacramento (Califórnia), integrando-se rapidamente numa orquestra local. Transfere-se dois anos depois para New Bedford, onde a família o vai encontrar. Com os filhos, Alcides e Laurindo, a quem transmitiu os seus conhecimentos musicais – assim como ele próprio aprendera a ver o pai tocar, entre amigos –, irá durante cerca de duas décadas animar sessões musicais na comunidade cabo-verdiana na região da Nova Inglaterra. Só parou ao adoecer, aos 76 anos.

Djedjinho com o seu grupo musical. Fonte: Trajetória de um Génio

Em 1996, Laurindo e Alcides da Graça produzem um CD com composições do pai, que dedicam à sua memória, no qual, a partir de gravações caseiras, Djedjinho aparece ao violino em quatro temas e a cantar num único, a morna “Cize”. O músico, possuidor de um estilo muito próprio e considerado um renovador na maneira de tocar violino, nunca gravou num estúdio profissional. A cantora Maria de Barros é sua neta.

Enquanto compositor, temas seus têm sido, como é frequente acontecer, por vezes atribuídos a outros ou indicados como popular: é o caso de “Belga” (que o filho grava com o título “Lua cheia”), com a qual acontecem ambas as situações e “Moreninha sem par”, atribuída a B.Léza.  

Discografia

  • Homenagem a Djedjinho, CD, Al Dagraça, Taunton, 1996. O grupo que grava este disco é formado por Laurindo e Alcides da Graça, Ivo Pires, Tazinho, Danny Lamas, Nho Lilinho e Nazário Lopes. Inclui quatro gravações de Djedjinho ao violino e uma a cantar.

Composições

Belga; Bu dam bu véu (parceria com Hilário Galvão); Crem sem midida (parceria com Silvestre Faria); Dadá; Disaforo; Djabraba nha terra natal; Gininha di nha coração; Mazurca; Moreninha sem par; Morgadinha; N’dormi um note; Rosa sem igual; Sperança; Sprito Santo; Bu dam bu véu; Strela branca; Tatá; Triste gonia; Tudo na bo é bem feto; Zinha, Zizi.

Para saber mais

Trajetória de um Génio – O Mestre Djedjinho no Palco da Arte, biografia de Djedjinho da autoria de Artur Vieira. Vila Velha, edição de autor, 2014.

Ouvir

Agradecimentos a Djick Oliveira pelo apoio na elaboração desta página.

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