Dany Silva

Por GN em

Dany Silva. Fonte: Facebook

Daniel Pereira da Rocha e Silva

Praia, ST, 1946

Cantor, compositor, instrumentista (baixo)

Dany Silva teve no coro da Igreja do Nazareno, na Praia, a sua iniciação musical. Mas em casa já ouvia o pai a tocar, e este trazia da Boa Vista a tradição do violão. Muito antes de começar a gravar a solo, Dany Silva já era músico profissional, como baixista, tocando em boates e casinos. Desse percurso resulta uma afinidade com a soul music e o blues, de forma que a sua primeira gravação a solo foi a cantar em inglês.

Vivendo em Portugal desde os 15 anos, passa os primeiros sete como interno da Escola de Regentes Agrícolas de Santarém, em que se formou para nunca exercer a profissão, e onde funda com colegas portugueses o grupo Os Charruas, que chegou a gravar um single, em 1967. Dany começou como baterista, na primeira formação d’ Os Charruas, e depois passou para o baixo, que se tornou o seu instrumento principal. No fim da década de 1960, já em Lisboa, integra o Quinteto Académico+2 como baixista, até ir para a Guiné cumprir o serviço militar, de 1970 a 1972. Na volta, emigra para França e a partir daí circula pela Bélgica, Suíça e Holanda a tocar em casas noturnas. Em 1979, em Lisboa, Bana propõe-lhe gravar: será um single com duas músicas em inglês, de sua autoria, com arranjos do próprio Dany e de Luís Morais.

No ano seguinte, com a editora Valentim de Carvalho (VDC) à caça de novos talentos, uma atuação no programa “Passeio dos Alegres”, de Júlio Isidro, na RTP, abre as portas para uma nova gravação. Dany quer gravar na língua cabo-verdiana, mas a editora não concorda. Sai então Branco Velho, Tinto e Jeropiga, parceria com Zunga Pinheiro, que se torna bastante popular e lança o nome de Dany para o público português. Em seguida saem outros dois singles. É nessa altura que se apresenta pela primeira vez em Cabo Verde, acompanhando o Voz de Cabo Verde.

Entretanto, Rui Veloso – que também começara cantando em inglês, passando para o português ao assinar contrato com a Valentim de Carvalho em 1980 –, que frequenta o meio musical cabo-verdiano, a certa altura questiona Dany por nunca ter gravado músicas da sua terra. Ao saber que é por imposição da editora, Rui – na altura já um nome consagrado na música portuguesa – consegue dar a volta à situação e acaba por produzir Lua vagabunda, em 1986, primeiro LP de Dany Silva, e no qual gravará pela primeira vez em cabo-verdiano. Os seus trabalhos seguintes, contudo, terão sempre alguns temas em português, para não quebrar a comunicação que conseguira estabelecer com o público. Dany tem também colaborações com artistas desse país, como o dueto com Sérgio Godinho no CD Sodadi funaná e a gravação de um tema de Jorge Palma no disco de canções infantis Três histórias à lareira (1998).

Na produção, direcção musical e arranjos, Dany Silva assina os dois primeiros discos de Mirri Lobo, Alma Violão (1986) – no qual faz um dueto com Mirri no tema “Tudo kusa é badiu” – e Matchamor (1987). O primeiro álbum de Nató Simas conta também com a sua colaboração nestas áreas. A sua primeira experiência como como arranjador, produtor e director musical foi no LP Pará b’ôvi, do efémero grupo Ques Moce, formado maioritariamente por estudantes cabo-verdianos em Lisboa, na década de 1970. Com Luís Morais, fez a produção, arranjos e direção musical do LP Mar azul abri’ m camim – Cantá mudjer’ s, de 1988 (gravado em Portugal após o concurso de vozes femininas organizado pela OMCV em 1985). De forma complementar à atividade musical, teve em três ocasiões sociedade em casas noturnas cabo-verdianas que marcaram época em Lisboa: Clave de Tó e Clave di Nós, nos anos 1980, e Pilon, no início da década de 1990.

Composições

123456; A Banhada; Badiu di Fora (parceria com Luís Morais); Branco; Tinto e Jeropiga; Cabo Verde Blues; Com Ela (Crioulas de São Bento); Disisperu; Essa Menina; Everything Is Over; Feel Good; Incerteza; Mamã África; Música Africana; Rasposta de Vrá Tchif (parceria com Manduka); Rasposta de Vrá Tchif; São Crianças; Sodadi Funaná.

Discografia

  • Feel Good, single, Discos Montecara, Lisboa, 1979.
  • Branco velho tinto e jeropiga, single, Valentim de Carvalho, Lisboa, 1981.
  • Já estou farto, single, Valentim de Carvalho, Lisboa, 1982.
  • Crioula de São Bento, maxi-single, Valentim de Carvalho, Lisboa, 1982.
  • Lua vagabunda, LP, Valentim de Carvalho, Lisboa, 1986.
  • Sodadi funaná, LP, EMI-Valentim de Carvalho, Lisboa, 1991.
  • As melhores de Dany Silva – Crioulas de São Bento, CD, EMI-Valentim de Carvalho, Lisboa, 1994 (compilação). Reedição com o título Mamã Africana, CD, EMI-Valentim de Carvalho, Lisboa, 1996.
  • Tradiçon, CD, Universal, Lisboa, 1999.
  • Caminho Longi, CD, IPlay, Lisboa, 2008.
  • Canções da Minha Vida, CD, Trem Azul (distr. Universal Music Portugal), Lisboa, 2018.
  • Participação no CD Rui Veloso e amigos, 2012, no tema “Fado do ladrão enamorado”.
  • Participação no CD A Tribute to Amália Rodrigues (tema “Morrinha”), World Connection, Holanda, 2004 (produção do fadista Jorge Fernando, ex-produtor e guitarrista de Amália Rodrigues, com a participação de vários cantores lusófonos.

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