Achamento do arquipélago de Cabo Verde. A 3 de dezembro de 1460, Antonio de Noli achou cinco das ilhas: S. Jacob (Santiago); S. Filipe (Fogo); Maias (Maio); S. Cristóvão (Boavista) e Lhanas (Sal).
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A 19 de Setembro de 1462, o Infante D. Fernando (donatário das ilhas de Cabo Verde) encarrega António de Noli de começar a colonização da Capitania da Ribeira Grande (parte sul da ilha de Santiago). Surge assim a primeira cidade erguida pelos europeus em África e a primeira capital de Cabo Verde. É conhecida como Cidade Velha, mas desde 2005 o seu nome oficial é Ribeira Grande de Santiago.
NO MUNDO Portugal e Espanha assinam, no dia 06 de Junho de 1494, na Vila de Tordesilhas, em Espanha, o Tratado (do mesmo nome) que divide o mundo em duas metades com base numa linha que passa a 370 léguas a oeste da ilha de Santo Antão, Cabo Verde. Os territórios a descobrir a oeste da linha ficam a pertencer a Espanha e os situados a leste pertencem a Portugal.
Cerca de 1495 é construída a igreja de Nossa Senhora do Rosário, primeiro com a edificação de duas capelas de estilo manuelino e sua torre sineira. Mais tarde é construído o corpo principal.
“Ribeira Grande foi, sim, mocinhos, palco de encontro de musicalidades; musicalidades ibéricas, em primeiro lugar. As fontes dão-nos conta de violas de bico, de tambores, de pífaros, trazidos por infinitos marinheiros que povoavam as artérias quase anfíbias da Rua do Porto e da do Calhau. Outros instrumentos vieram pelas mãos do clero, cultor deleitoso de música, num catolicismo amante de festividades, animadas por flautas, trombetas, baixão, sacabuxas, fagotes e tenores. Mesmo que os dados sejam parcos (…), temos razões para suspeitar que a Ribeira Grande terá sido uma cidade musical, ou mesmo uma ‘babel’ musical.”
NO MUNDO A 22 de abril de 1500 uma frota comandada por Pedro Álvares Cabral chega a Porto Seguro, no litoral sul da Bahia, cujo desembarque passa a marcar a data do achamento do Brasil.
Um mês antes, a 22 de março, a frota, que saíra de Lisboa a 9 de março e passara pelas Canárias cinco dias depois, fez escala em Cabo Verde.
A 13 de Janeiro de 1533, por Bula (Pio Excellenti) do Papa Clemente VII, foi criada a Diocese de Santiago de Cabo Verde e nesta mesma data a Vila da Ribeira Grande é elevada (de júris) à categoria de Cidade.
O padre António Vieira, viajando de Portugal para o Brasil, desembarca na Ribeira Grande e prega na Igreja se Nossa Senhora do Rosário. Depois, escreverá que encontrou aí
“(…) clérigos e cónegos tão negros como azeviche; mas tão compostos, tão autorizados, tão doutos, tão grandes músicos, tão discretos e bem morigerados, que podem fazer invejas aos que lá vemos nas nossas Catedrais.”
Esta é, possivelmente, a mais antiga referência histórica conhecida mencionando alguma prática musical em Cabo Verde.
Por Alvará Régio de 06 de fevereiro de 1652 determina-se (por causa de diversos ataques de piratas à Cidade da Ribeira Grande) que doravante na Vila da Praia passem a residir, ora o bispo, ora o governador.
A 18 de Dezembro de 1769 dá-se a transferência da administração central (sede do governo de Cabo Verde) da cidade da Ribeira Grande para a Vila da Praia, sendo governador Joaquim Salema de Saldanha Lobo.
A 16 de setembro de 1772, o governador de Cabo Verde, Joaquim Salema de Saldanha, Lobo proíbe “Zambunas, Choros e Reynados na ilha de Santiago”:
“Faço saber aos moradores desta ilha que porquanto tem chegado à minha notícia, e com efeito se tem visto continuamente as dezordens, que nascem de se fazerem Reynados, e Zambunas públicos de noite, com tanto excesso, que chega a ser por todos os fins escandalozos a Deus, e de perturbação às Leys, e ao sucego público…”
“Zambunas” é a designação da época aos momentos de prática do batuku, sendo esta a provável mais antiga referência histórica a esta expressão musical.