Cordas do Sol
Grupo, 1995
Quando se julgava que a serenata estava extinta havia décadas, no Paul do fim do século XX um grupo de amigos aproveitava a luz da lua para fazer serenatas – nessa altura, naquela zona, a iluminação pública ia só até a meia-noite. Um deles era Arlindo Évora Monteiro, que se interessava pela música tradicional de Santo Antão e que propôs ao grupo trabalhar sobre esse repertório, apostando na gravação de um CD. Este veio a ser Linga d’Sentonton, editado em 2000. Foi um sucesso imediato: a tiragem inicial de três mil exemplares, habitual para um grupo desconhecido, esgotou-se em três meses, levando à edição de mais oito mil. Começa então uma sucessão de convites para apresentações que em pouco tempo leva o grupo à França, Suíça, Holanda, Itália, Bélgica e Portugal, além da participação nos principais festivais de música de Cabo Verde.
Já antes disso, em 1998, o grupo fizera gravações no âmbito de recolhas de música tradicional realizadas então em todo o arquipélago, de que resultou o álbum duplo Cap-Vert – Un Archipel de Musiques, editado em França. A música escolhida para integrar esta obra, “Colaboi”, incluída também em Linga d’Sentonton, tornou-se uma das mais conhecidas do Cordas do Sol. Em 2002, é lançado o segundo CD, Marijoana.
Cordas do Sol surge na linha da reabilitação do acústico e tem o condão de produzir algo de impacto instantâneo, aquele tipo de música que cola aos ouvidos e não se esquece, daí provavelmente o seu sucesso imediato. Ao longo da sua carreira, a linha acústico-tradicional e o universo santantonense acabaram por ficar pelo caminho, surgindo um repertório mais generalista e vibrante, de modo a empolgar multidões.
A formação inicial – Arlindo Évora (violão e voz); Djudjuk Alves (violão, voz e percussão); Carlitos Ferro (tumba); Toy d’Griga (violão); Djone Alves (cavaquinho e voz); Manuel do Carmo, Linete do Carmo e Dinora Alves (voz e percussão) – alterou-se no segundo CD com a saída dos três últimos e a entrada de Bebeto Santos (percussão e voz e de Rebas Lima (violão). Djudjuk aparece a tocar violino e gaita, além do violão. Quando em 2009 o grupo lança Lume d’lenha, outro grande sucesso, a formação é: Arlindo Évora (violão, voz e autoria de todos os temas); Bruce Djone (violão e voz); Djone Alves (cavaquinho e voz); Abel Dias (baixo e voz); Ceuzany (voz); Bebeto Santos (percussão e voz); Carlitos Ferro (djembê); e Rossini Santos (bateria e percussão). Em 2013, após ter gravado a solo, a voz feminina deixa o grupo e em 2015, quando é lançado o álbum Montanha, há uma nova vocalista: Idelce.
Mais tarde, já desenvolvendo a sua carreira solo, Ceuzany volta a atuar com o grupo.
Discografia
- Linga d’Sentonton, CD, Cordas do Sol, ed. do grupo, 2000.
- Marijoana, CD, Cordas do Sol, ed. do grupo, 2002.
- Terra d’sodade, CD, Harmonia, São Vicente, 2004 (compilação).
- Lume d’lenha, CD, Harmonia, São Vicente, 2010.
- Cordas do Sol Live, DVD, Harmonia, Praia, 2014.Gravação de um concerto em Portugal em 2011.
- Na Montanha, CD, Harmonia, Praia, 2015.
- Participação no CD de recolhas Cap-Vert – Un Archipel de Musiques, 1999, com o tema “Colaboi”.
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