Boss AC

Por GN em

Boss AC. Fonte: Julia.pt

Ângelo César Firmino

Lisboa, 1975

Cantor, compositor, produtor

Boss AC foi um dos pioneiros do rap em Portugal. Começou a compor ainda adolescente, e apareceu em 1993, entre outros na época iniciantes, como Black Company e General D, no álbum coletivo Rapúblika. Depois disso faz algumas participações em discos de outros artistas e em 1998 lança o seu primeiro trabalho a solo, Mandachuva (1998), para o qual trabalhou com o produtor norte-americano de hip-hop Troy Hightower. O disco teve boa recetividade entre a crítica musical portuguesa. Além da crueza dos temas realistas que caracterizam o hip-hop, aparece nesse álbum o tema cabo-verdiano Tunga, Tunguinha, na voz de Ana Firmino, mãe de Boss AC, acompanhada por Tito Paris ao violão.

Cantando em português e por vezes em cabo-verdiano, Boss AC traçou a sua carreira num território eclético. Não cultivou o tom reivindicativo de porta-voz do gueto, habitual em muitos rappers. Por outro lado, dialogou, em diferentes momentos, com outras sonoridades, como a soul, o gospel, o R&B, a música pop portuguesa, a música africana, o Brasil.

Em 2002 sai o segundo álbum, Rimar contra a Maré, gravado, produzido e misturado pelo próprio Boss AC. Em 2005 Ritmo, Amor e Palavras (RAP), este reunindo participações de diversos quadrantes, como Pos do grupo norte-americano De La Soul, os Da Weasel, e Pedro Aires Magalhães, entre outros. O álbum foi disco de platina no mercado português, ao atingir a marca dos 40 mil exemplares vendidos e o single promocional “Hip-hop (Sou eu e és tu)” esteve nos primeiros lugares nos tops das rádios e na MTV Portugal. O ano de 2005 trouxe-lhe ainda a nomeação para os prémios da MTV European Music Awards, na categoria de Best Portuguese Act – no ano seguinte seria novamente nomeado (www.bossac.com).

Em 2006, Boss AC venceu na categoria Melhor Canção – com o tema “Princesa (Beija-me outra vez)”os Globos d’Ouro da revista Caras, prémio para várias áreas artísticas cuja votação é feita pelo público. Na outra categoria em que foi indicado, a de Melhor Artista do Ano, perdeu para a fadista Mariza. Em 2007, com letra sua em português, cantou na edição portuguesa do disco do rapper norte-americano Akon, no tema “I wanna love you”, que na edição nos EUA tinha a presença de Snoop Dogg. Ainda em 2007, a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) distinguiu Boss AC com o galardão de Autor Jovem do Ano.

O disco seguinte foi Preto no Branco (2008), que conta com convidados como Mariza, Toni Garrido, Olavo Bilac e Tó Cruz, os dois últimos também de origem cabo-verdiana. O dueto gravado com Mariza integrou o disco UPA – Unidos para Ajudar, iniciativa inserida numa campanha de cariz solidário. Neste álbum, são usados samplers de gravações do cantor português Vitorino e da voz de Ildo Lobo. O seu quinto álbum, em 2012 traz também convidados, como o coro Shout, o mesmo com que Sara Tavares iniciou a sua carreira), o português Rui Veloso, o cubano Raul Reyes e o brasileiro Gabriel “O Pensador”. O tema “Sexta-feira (emprego bom já)” faz sucesso imediato, já que aborda um tema na ordem do dia da sociedade portuguesa nessa altura: a crise económica. 

Entre as muitas participações em álbuns de outros artistas ao longo da sua carreira, refira-se os dos grupos Xutos & Pontapés e Santos e Pecadores. Boss AC compôs também música para a TV e para o cinema. No primeiro caso, para o reality show Masterplan, exibido em 2002 pelo canal SIC, e para a telenovela Último Beijo, da TVI, na mesma época. No cinema, os longas-metragens Zona J (1998), de Leonel Vieira (1998) e Lena (2001), de Gonzalo Tapia, têm temas seus. Com Gutto, o líder dos Black Company, Boss AC criou a produtora No Stress, especializada em hip-hop. Noutra vertente, em 1996 foi o autor da música da campanha de Cavaco Silva às eleições presidenciais, de que saiu derrotado (http://pt.wikipedia.org/wiki/Boss_AC).

Em Cabo Verde, o tema Sexta-feira” foi escolhido para tema de campanha publicitária da empresa de telecomunicações CVMovel e Li kê terra” (house) foi escolhido no Cabo Verde Music Awards como o melhor do ano 2012 na categoria Reggae/R&B/House. Ambos temas do disco AC para os Amigos.

Antes de enveredar a 100% pelo mundo da música, Boss AC trabalhou num banco e entrou na universidade para estudar psicologia.

Discografia

  • Mandachuva, CD, NorteSul/Valentim de Carvalho, Lisboa, 1998.
  • Rimar Contra a Maré, CD, NorteSul/Valentim de Carvalho, Lisboa, 2002.
  • Ritmo, Amor e Palavras, CD, Hightower Productions, Absolute Audio, Nova Iorque, 2005.
  • Preto no Branco, CD, NorteSul/Valentim de Carvalho, Lisboa, 2009.
  • AC para os Amigos, CD, Universal, Lisboa, 2012.
  • Patrão, EP, 2018.
  • A Vida Continua , CD, Universal, Lisboa, 2018.
  • Participação, com os temas “Atake dos carapinhas” e “Jam session”, no CD Pé na Tchôn, Karapinha na Céu, 1995, de General D.
  • Participação, com o tema “Dou-lhe com a alma”, no CD Dou-lhe com a Alma, 1995, do grupo Da Weasel.
  • Participação, com o tema “Terezinha”, no CD Tá-se bem, 1996, do grupo Kussondulola.
  • Participação, com o tema “Executivo improdutivo”, no CD Funky, Trunky, Punky, 1996, de Gimba.

Para saber mais

Revista Forum Estudante: Boss AC: «Ainda sinto que tenho muitas coisas para dizer»

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