Body

Por GN em

Body (Elisio Faria). Fonte: Facebook

Elisio Humberto Ramos Faria

Mindelo, S. Vicente, 1959

Percussionista

Body vem de uma família ligada à música, tendo crescido num ambiente de tocatinas e serenatas, no bairro da Ribeira Bote, que era “um viveiro de músicos”, recorda. Ainda pequeno, “juntava latas de diversos tamanhos e fazia de bateria, às vezes o barulho era tanto que incomodava o meu pai que vinha de trabalho cansado, pois era Polícia Marítimo e muitas vezes passava a noite trabalhando. E eu lá fazendo barulho. Ele claro que corria comigo” (depoimento a Cabo Verde & a Música – Museu Virtual, junho 2024).

Ainda adolescente, aprendeu a tocar violão com o grupo de rapazes com quem convivia no bairro: o irmão Carlos Faria e os colegas de infância Vlú,  Nicolas e Eduardo, que fez  uma bateria de lata. “Eu participava nos ensaios  e sempre que aparecia oportunidade  tocava  nela”, recorda o músico.  

Mais tarde, quando Vlú, Vasco Martins, Tey Santos e Pinúria criaram o grupo Kolá, costumavam ensaiar na casa de Vlú e, como  era perto da sua, Body ia assistir os ensaios. “Foi nessa altura que me fascinei pela bateria e o tocar do Tey. No fim dos ensaios pedia-lhe para me deixar tocar um pouco e, assim, apareceu o gosto pela bateria, sendo o Tey o meu inspirador.”. Pela mesma época, por volta de 1975/76, tocou percussão na gravação de uma cassete no estúdio de Daniel Vitória, com composições de Vlú interpretadas por um grupo formado por Vasco ao piano, Vlú na guitarra solo e voz, Carlos Faria no acompanhamento, Daniel Brito “Nhalast” e Osvaldo “Lume” nas maracas e coros.

Em 1977, Body foi estudar Engenharia Electrónica na Roménia, profissão que exerce na Televisão de Cabo Verde (TCV) desde 1988, quando era denominada TEVEC. Na universidade, em Bucareste, entrou num grupo musical de estudantes da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, no qual já se encontram Nhelas Spencer e Nhonhô Hoppfer. Nesse grupo, contudo, tocava guitarra, porque já havia um percussionista, guineense.

Mais tarde, fez parte do do Grupo Atlas, da Faculdade de Veterinária, no qual Nhelas Spencer era o guitarrista principal, o baixista era de Madagascar e os restantes músicos eram romenos. Foi nesse grupo que Body começou a tocar percussão, em particular congas. “O grupo teve muito sucesso, participámos no concurso Cîntarea Romaniei, uma espécie de Todo o Mundo Canta mas a nível de todas as faculdades do país, e nós chegamos à final. Em dois ou três concertos tive de substituir o baterista por impossibilidade dele estar presente”.

Algum tempo depois, ainda na Roménia, participou como baterista num grupo de zairenses e congoleses que atuava habitualmente em festas nas embaixadas africanas. “Aperfeiçoei o toque nas músicas africanas e, nas comemorações do Dia de África, era o baterista de todos os grupos representando cada país”, relata.

Depois do regresso a Cabo Verde, em 1988, na Praia, entra como percussionista no grupo Fogo (constituído por Nhelas, Betú, Djick, Brás de Andrade, Nhonhô Hoppfer, Kim Bettencourt, Zé di Maio, Sr. Hermano), que atuou na Assembleia Nacional, no primeiro festival de Santa Maria, na ilha do Sal, entre outros eventos.

A partir daí, a bateria ficou para trás, e desde então Body já tocou com uma infinidade de  artistas cabo-verdianos, como Ildo Lobo, Sara Tavares, Mirri Lobo, Djodje, Vlú, Bitina Lopes, Jorge Humberto, Dani Lobo, Kim Alves, Teresinha Araújo, Djoy Amado, Maruka, Tcheka, Tibau, Princezito, Mário Lúcio, Diva Barros e muitos outros da nova geração.

Em 1992, foi um dos fundadores do Simentera, no qual permaneceu até o fim, em 2003. Em tempos mais recentes, formou um grupo com Ulisses Português, Lulan e Kim Bettencourt, o qual tem acompanhado Teté Alhinho e Terezinha Araújo entre outros artistas.

Body é filho do compositor Muxim Faria, conhecido pelas mornas “Tudinha”  e “Funha” e pela coladeira “Estapora do Diabo” (parceria com Sr Lola).  A referir ainda, como artistas na família, o compositor Antôn Tchitche, pai de Tututa, que é seu tio avô, por parte de mãe.  

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