Blimundo

Por GN em

Blimundo. Fonte: Facebook

José Manuel da Conceição Lopes

Mindelo, São Vicente, 1959

Instrumentista (bateria, percussão)

Blimundo é um baterista que percorre grande parte do que aconteceu na música de Cabo Verde desde os anos 1980. Natural do Mindelo, viveu na Ilha do Sal a partir dos 7 anos, e foi com cerca de 20 que regressou a São Vicente. Ao longo dos anos, no Sal, frequentava ensaios de bandas locais, ficava observando e depois praticava às escondidas, quando estava sozinho, revela o músico em declarações a Cabo Verde & a Música – Museu Virtual. Nessa época colaborou com o grupo Fontana.

No mesmo dia do seu regresso a São Vicente, em 1979, integrou-se num grupo musical em formação naquele momento: Gaiatos, que reunia Tito Paris, Dudu Araújo, Bau, Biús e Jean Pierre. “Nesse dia começou a minha carreira”, conta Blimundo, revelando que nos anos que se seguiram passou por várias bandas profissionais e amadoras. Entre elas, o grupo das Forças Armadas em São Vicente, Wings, Kings e o Gota d’Aga. Acompanhou também artistas como Jack Monteiro e Malaquias Costa.

Em 1984, nascia o Festival da Baía das Gatas, que surgiu do desejo dos membros do grupo Gota d’Aga de fazer algo diferente musicalmente. E Blimundo era o baterista. Além de tocar com o grupo, acompahou os artistas que se apresentavam a solo e que não levavam percussionista. Foi, assim, o “baterista residente” da primeira edição do festival.

Nesse mesmo ano, Blimundo viajou para Lisboa para participar pela primeira vez, na gravação de um disco. Tratava-se do LP Hey Morena, de Vlu. E ficou em Portugal, onde a sua família já residia desde a década de 1970. Logo foi convidado por Bana para fazer parte da banda do restaurante e discoteca Montecara, onde ficou por cerca de dois anos, e em 1989 transferiu-se para a discoteca Lontra, para substituir Cabanga, que havia falecido. Mais tarde, foi o baterista da banda do Ritz Club.

Cartaz do projeto Reabilitar Lisboa. Arquivo Blimundo

Ao longo dos anos, Blimundo participou em muitas gravações, não só com artistas cabo-verdianos. Acompanhou, entre outros, os angolanos Rui Duna e Teta Lágrimas e o grupo Flor Negra, composto por santomenses descendentes de cabo-verdianos. Destaca-se, entre outras colaborações, o LP Mar Azul – Abri’m Camim Cantá Mudjer’s, que resulta do Festival de Vozes Femininas organizado pela Organização das Mulheres de Cabo Verde (OMCV) nos dez anos da independência (com Cesária Évora, Celina Pereira, Zenaida Chantre e Ana Emília Marta). Colaborou também com Zé Orlando, nos discos Cretcheu de Verão e Mar Azul Levam nha Cretcheu, quando este apostava numa carreira musical, antes de se tornar produtor e editor. Com artistas portugueses, participou do projeto Reabilitar Lisboa, com os irmãos Vitorino e Janita Salomé, Filipa Pais e os cabo-verdianos Zezé Barbosa e Júlio Silva.

No início dos anos 2000, Blimundo ficou sem trabalho na área musical e acabou indo para a construção civil. Seguiu-se uma fase com problemas pessoais e de saúde, que o levaram a isolar-se e, durante 17 anos, ficou afastado dessas atividades.

Desde o seu regresso, participou do Voz di Terra, grupo formado por Heloísa Monteiro (filha de Jotamonte e professora de música em Portugal), e do espetáculo que esta criou em parceria com Paula Torres Carvalho, Lira com Morna. Atuou também durante algum tempo com o grupo Guentes dy Rincon (Santos Cabral, Adérito Pontes e Zé António), que se apresentava nas ruas de Lisboa.

De acordo com um artigo no site Mindelinsite, Blimundo ganhou esta alcunha do compositor Carlos Castro, seu melhor amigo, com quem, além de outros jovens ainda nos tempos passados no Sal, deu os primeiros passos na música. A razão é que gostava muito da composição com este título gravada pelo grupo Kings, com a qual o grupo abria sempre os bailes populares.

Blimundo em atuação (esq.). E com o grupo Voz di Terra

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