Betú

Por GN em

Betú. Fonte: Facebook

Adalberto Higino Tavares Silva   

Porto Inglês, Ilha do Maio, 1961

Compositor

Betú começa a ter os seus temas gravados no início dos anos 1980, firmando-se, pelas sucessivas gravações de diferentes intérpretes, como um dos principais compositores da sua geração. Na voz de Ildo Lobo, que o revelou nos tempos d’Os Tubarões, Betú teve, até a morte deste cantor, o principal veículo de divulgação da sua obra, já que no seu repertório a solo Ildo sempre privilegiou as suas composições – metade dos temas do álbum Intelectual são da sua autoria.

Embora a sua produção não se restrinja à morna, é neste género musical que Betú se destaca, inovando-a com encadeamentos de acordes nada óbvios nas suas composições, marcadas por grande originalidade, e casando música e letra da forma peculiar àqueles que produzem os grandes clássicos da música popular. E bem cedo Betú tem temas que se tornam verdadeiros clássicos, tal como B.Léza e Manuel d’ Novas e Eugénio Tavares, cada um no seu tempo, inserindo-se na linha destes compositores da música popular cabo-verdiana de raiz (o que é, aliás, revelado por um inquérito do jornal A Nação sobre as mornas consideradas mais importantes).

Inquérito do jornal A Nação põe Betú entre os principais compositores da morna

A sua formação musical dá-se como para a maioria dos músicos cabo-verdianos: entre amigos. Começou tocando baixo num grupo de jovens do liceu, na Praia, e só mais tarde passou a dedicar-se ao violão.

Nos anos 1980, Betú integrou o grupo Serenata, formação ad hoc que assinalou o início de uma rota da companhia aérea cabo-verdiana para os EUA e que deixou gravado um LP, no qual constam as suas duas únicas gravações de voz numa obra editada. Betú canta no disco dois temas seus, “Nha Coraçon I” e “Maio nha Terra”. Esta última composição recebeu em 1989 o Prémio B.Léza, atribuído durante alguns anos pelo Ministério da Informação, Cultura e Desportos.

Em 2005, o compositor recebeu a Medalha de Mérito Cultural, atribuída pelo governo cabo-verdiano, e em 2006 a Medalha da Ordem do Vulcão, pela Presidência da República. Foi também homenageado na sua ilha natal, Maio, em 2007 e em vários locais da diáspora cabo-verdiana (Holanda em 2010, EUA, em 2013, e Portugal, em 2014). Na premiação Cabo Verde Music Awards (CVMA) foi o Compositor do Ano em 2012 e em 2018 recebeu a menção honrosa na categoria Compositor.

Betú é o autor da melodia (com letra de Mikinha, Amílcar Spencer Lopes) do Hino Nacional de Cabo Verde, que em 1996 substituiu o hino do PAIGC, até então utilizado como hino nacional.

Economista, elegeu-se deputado do MpD a partir de 1991 três vezes pelo círculo eleitoral da Ilha do Maio e uma vez pela Praia. Antes disso exerceu cargos de direção no setor bancário privado e estatal, na TACV e na previdência social.

O pianista norte-americano Horace Silver, um dos fundadores do hard-bop, é primo do pai de Betú, pelo que se pode pensar que a música está nos genes.

Composições

Amor e mar; Beijo; Coraçon; Criola; Cusas di Coraçon; Denúncia; Djarmai di Meu; Dor di Nh´Alma; Estudante; Fidjo Fémea; Gloria Menina; Judite; Laço Umbilical; Lembránsa; Luci; Maio nha Terra; Manú; Marina; Mensagem; Milca Ti Lidia; Nha Berço; Nha Coraçon II; Nha Docin; Nha Nobréza; Nha Segredo; Nha Vazio; Noiva di Céu; Nos Amizade; Nôs cantador; Nos fe; Notícia; Resposta; Salva Nha Criola; Tema cu Bo

Obras publicadas

  • Apontamentos da História da Ilha do Maio, Pedro Cardoso Livraria, 2013 (1ª ed.), 2018 (2ª ed.).
  • “A insularidade maiense ao longo dos tempos”, em O Ilhéu de Cabo Verde, Universidade Católica Portuguesa, 2019.

Ver e ouvir

error: Content is protected !!