Bateristas e percussionistas cabo-verdianos

Por GN em

Se a percussão no contexto das práticas musicais em Cabo Verde aparece em pleno nos tambores das festas populares (ver tabanka, festa de bandeira, kolá sanjon) e no batuku, quando pensamos nas expressões musicais urbanas, como a morna e a koladera, a sua presença, num primeiro momento foi bem discreta, surgindo aqui ou acolá na forma de chocalhos ou reco-reco. O mesmo acontece no funaná, estando presente apenas o ferrinho nos grupos tradicionais de ferro-gaita.   

Assim, foi uma inovação quando Os Tubarões surgiram com Jorge Lima e a sua tumba, em 1976, no primeiro álbum do grupo. Quando Bulimundo grava os seus primeiros dois discos, a tumba aparece a cargo de Zé Carabedja, e Lu di Pala está em outros instrumentos de percussão. De lá para cá, os sets de percussão, com toda a variedade de elementos que costumam incluir, encontraram lugar definitivo nos grupos elétricos. Mais tarde, nos anos 1990, quando surge a tendência unplugged, também em formações como Simentera e Rabasa e no acompanhamento de intérpretes com bandas acústicas, como aquelas que acompanharam Cesária Évora ao longo da sua carreira internacional.  

A bateria, por sua vez, que surge com o jazz nos Estados Unidos, aparece nos vários jazz bands cabo-verdianos de que se tem notícia pela imprensa desde a década de 1920, animando festas dançantes na Praia e no Mindelo. Aliás, durante esses meados do século XX, em Portugal e em Cabo Verde, a palavra “jazz” designava a bateria. Que não era exatamente como as que conhecemos hoje em dia.

Segundo, Carlos Gonçalves, em Kab Verde Band (2006), “a bateria cabo-verdiana (…) era construída por três tambores de pele de cabra ou cabrito: um bombo, uma caixa-clara (à esquerda) e uma caixa (à direita) montados sobre um suporte com tripé. Sobre o  bombo, estavam montados um prato, uma ‘caneca’ (cow bell) e um bloco de madeira escavado no interior (wood-block)”. Segundo este autor, até meados do século XX grupos que animavam bailes eram formados por um clarinete e um trompete, violões acústicos, cavaquinho, banjo e essa bateria. Por vezes um percussionista tocava um chocalho (maracas).

Foi com os grupos Centaurus e Ritmos Cabo-Verdianos que, como recorda Gonçalves na sua obra, as baterias nos moldes atuais começaram a ser utilizadas em Cabo Verde.  Foram importadas, com outros instrumentos, pela Casa do Leão, dando origem a esses dois grupos mindelenses. Faia Torres assumiu a do Centaurus; Djosa Marques a do Ritmo Cabo-Verdianos.  Enquanto isso, na Holanda, Frank Cavaquinho assumia a bateria no Voz de Cabo Verde.

Desde então muitos outros bateristas surgiram, entre os quais o próprio Carlos Gonçalves, que tocava o instrumento no grupo West Side. Ti Goy, Frank Cavaquinho, ainda nos anos 1960, Tey Santos, a partir dos anos 1970, são nomes a destacar. Na Praia, Duia Brazão e Victor Bettencourt passaram pel’Os Tubarões; José Augusto Timas, apontado como criador da batida do funaná, esteve no Bulimundo e no Finaçon.

Alguns desses músicos tiveram uma passagem efémera pela música, vários deles já faleceram, outros mantém-se ativos como músicos profissionais. Esta página foi criada para destacar os bateristas e percussionistas de Cabo Verde:

Amanhã, Blimundo, Body, Cabanga, Carlos Ferro, Cau Paris, Djini Ribeiro, Djosa Marques, Duia Brazão, Faia Torres, Figura, Frank Cavaquinho, Gamal Monteiro, Houss, Jackie Santos, Jair Pina, Jorge Lima, Jorge Pimpa, José Augusto Timas, Kalu Monteiro, Marrocos, Micau Chantre, Mick Lima, Miroca Paris, Nene Lopes, Nhelas, Nir Paris, Pachinho, Pitrol, Rui Malagueta, Ti Goy, Tey Santos, Toy Paris, Victor Bettencourt, Zumbi.

E há alguns músicos neste segmento que, não tendo nascido em Cabo Verde mas tendo-se tornado cabo-verdianos, ou vivido uma parte da sua vida no país, tiveram uma participação significativa como músicos. Eles têm também o seu lugar aqui: Ndu, Márcio Rosa, Markus Leukel, Rob Leonardo.

Visite também a secção Instrumentos Musicais para ver tambores e outros instrumentos de percussão tradicionais de Cabo Verde

Esta é uma

Pouco a pouco, mais nomes virão fazer parte dela.

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