Agostinho dos Santos

Agostinho Rosário dos Santos
São Nicolau, 1963
Cantor, compositor, ator
Poesia, teatro, música, produção artística. Agostinho dos Santos conjuga as artes na Holanda, onde vive desde os 12 anos e onde, na Juventude Cabo-Verdiana, associação criada em 1979, desenvolveu o seu talento. Aos 20, durante o serviço militar, uma noite em que estava de guarda, teve uma crise de identidade: “Não sabia quem era o Agostinho dos Santos. Estava com farda holandesa, estava a andar num território alemão comandado por americanos, e o sangue cabo-verdiano a ferver-me nas veias. E foi sobre isso a primeira poesia que escrevi”, revela em Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens.
A paixão pela música já existia, mas só amadureceu quando, em 1984, cantou pela primeira vez em público, no concurso Todo o Mundo Canta. No final dos anos 1980, atuou como vocalista do grupo Dragões e em 1991 gravou o primeiro trabalho a solo, Oferta. Em 1992, entrou na área do teatro com artistas holandeses, num trabalho de informação sobre a Sínfrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA/AIDS), encomendado pelo departamento municipal de saúde de Roterdão e destinado à comunidade cabo-verdiana. Agostinho criou o grupo Compact CV e o projeto teve tal sucesso que passou a ser de âmbito europeu, com apresentações em países como Itália, Luxemburgo e Portugal. Apresentou-se também em Cabo Verde, nas ilhas de Santo Antão, São Nicolau e São Vicente. O grupo continuou a existir, passando a semiprofissional. Ainda no teatro, recriou o personagem Piet Hein – um pirata holandês que teria atacado Cabo Verde no século XVIII.
Agostinho dos Santos toca teclado, mas só para compor. Tem vários livros publicados, dois de poesia, que refletem a vivência crioula em Roterdão: Traz d’horizonte tem Jardim de Crooswyk (Crooswyk é o cemitério mais conhecido dos cabo-verdianos naquela cidade) e Pracinha de Quebrod (nome que os cabo-verdianos são a uma praça da cidade que na década de 1970 era ponto de encontro dos marítimos). Publicou também Risos e Lágrimas, sobre a política cabo-verdiana; Mestre Paulino Vieira, a partir de um depoimento do músico; Kriol de Barlavento, um manual para ensinar aos holandeses a língua de Cabo Verde na vertente de Barlavento; Stanis, a história de um emigrante e empresário; e Piduca, sobre um emigrante e ativista social. A sua última obra é um livro sobre Amílcar Cabral, em holandês.
Em 2001 realizou o filme Hino dum Violão e em 2009 lançou o documentário Carta d’Holanda, sobre a comunidade cabo-verdiana naquele país.
Discografia
- Oferta, maxi-single, edição de autor, Roterdão, 1991 (com Manuel d’Candinho, que fez os arranjos e tocou todos os instrumentos).
- Agostinho dos Santos, cassete, edição de autor, Roterdão, 1993 (poemas declamados, com acompanhamento do Quinteto Bordão).
- Stop racism, CD, Compact CV, Roterdão, 1995
(compilação dos anteriores).