Corey Depina

Por GN em

Corey Depina. Fonte: Zumix

Corey Depina

Roxbury, EUA, 1981

Compositor, cantor, instrumentista (baixo), docente

Corey de Pina é rapper e atua como educador na Zumix, uma escola de artes, em Boston, onde tem o cargo de diretor de programas.

Filho de foguenses, nasceu em Roxbury, arredores de Boston. A primeira vez que teve a experiência de cantar, foi quando a mãe o mandou para a Igreja Batista, e aí começou a cantar no coro. Mas já gostava de música, sempre focado no universo do hip hop, que, no seu tempo de criança, anos 1980, ganhava uma presença cada vez mais forte. Por volta dos 11 anos, além de acompanhar os rappers de sucesso naquela época, começou a escrever as suas primeiras letras. Tinha encontrado um meio de expressão dos seus sentimentos e ideias.

Quando entrou na escola, conviveu inicialmente com muitas crianças filhas de imigrantes – porto-riquenhas, cabo-verdianas, etc. – mas nos 1980 uma política pública para o setor da educação determinou que os estudantes fossem para escolas fora da sua vizinhança. Foi assim que Corey foi estudar em East Boston, um bairro só de brancos, e então os seus colegas passaram a ser filhos de italianos, irlandeses, etc. Na época, recorda-se, “houve reclamações de brancos que não queriam os seus filhos misturados com negros”. Esta mudança foi boa para a sua trajetória, pois teve acesso a disciplinas – como música e artes em geral – que na sua antiga escola não eram muito valorizadas.

Aos 13 anos, entrou num projeto na escola através do qual conheceu Madeleine Steczynski, que abria a sua casa para jovens que quisessem aprender e produzir música. Os seus tempos livres, recorda, eram todos passados nessa casa, onde havia um estúdio, e foi o embrião da escola Zumix, onde Corey de Pina hoje trabalha e onde fez muitos amigos que o ajudaram a enveredar pela música definitivamente.

Em finais dos anos 1980 e início dos anos 1990, em Boston, a violência entre os jovens tinha aumentado significativamente, devido à droga e a disputas entre gangues.  Muitos deles eram cabo-verdianos. As autoridades procuravam implantar ações para a prevenção dessa violência e, nesse contexto, para o jovem Corey a música foi o caminho que o livrou dos contatos com o mundo do crime, além de abrir-lhe uma via de profissionalização. “Se eu não tivesse vindo para cá, se não tivesse encontrado a música, não teria tido como me afastar daquele ambiente. E também não teria encontrado forma de criar autoconfiança, de aprender muito na vida e agora ensinar através da música”, afirma, e prossegue: “Eu não era um bom aluno, agora tenho a minha própria escola!”

O seu avô tocava viola e costurava, e foi a sua primeira influência musical. “Foi a primeira pessoa eu vi fazer algo com as mãos que não era trabalho. Também tinha uma tia que pintava, mas para ambos a arte era apenas um hobby”, comenta. “Eu não sabia como a minha arte, minha atividade criativa poderia ser um jeito de ganhar a vida”, diz Corey de Pina, lembrando que, na cultura cabo-verdiana, a música é “para os momentos de festa ou um funeral, não para fazer uma profissão. Mas aqui na ‘Merca’ eu fiz isso, tornei-me um profissional.”

Sobre a sua entrada na vida profissional, relata: “Na cultura hip hop, temos que ver quem é o melhor, então sempre havia competições e eu, ainda um adolescente, ganhei uma reputação como MC. Mas eu queria ser o melhor MC da cidade. Por volta dos meus 18, 20 anos, com amigos, criei uma banda. Porque na Zumix aprendi que música não tinha que ser só digital. Eu queria um baterista, um guitarrista, um baixista, então formamos a banda Zullo, isso numa época que os rappers em Boston apenas cantavam, não tinham banda a acompanhar”. Desta forma, podiam atuar em mais lugares que outros rappers. Ganharam muito dinheiro, fizeram muitos shows, gravaram um EP. A certa altura a banda acabou, cada um seguiu o seu caminho.

Sozinho, Corey de Pina começou a pensar como ganhar dinheiro com base na sua experiência como rapper. E então surgiu a oportunidade de dar aulas. E começou a ensinar Composição e História do hip hop, numa época em que não havia muita gente que conhecesse o assunto para poder ensinar. Foi assim que começou o seu percurso como educador, no momento em que a Zumix estava a ser criada. Mais tarde, fez cursos na Universidade de Boston e na de Harvard.  

Para Corey de Pina, “música não é só tocar, é também fazer parte uma comunidade, e há uma responsabilidade de contribuir para a promoção dessa comunidade”. O seu trabalho como facilitador para organizações sem fins lucrativos e centros comunitários em Boston lhe rendeu vários prêmios.

Por outro lado, esta ideia foi posta em prática pelo músico e educador ao fazer uma doação de um conjunto de instrumentos musicais para uma escola na ilha do Fogo, que estão a ser utilizados por crianças e jovens em São Filipe. A primeira vez que Corey de Pina foi a Cabo Verde foi em 2016, e fez atuações no Fogo, em São Vicente e na Praia.

Para saber mais

Atuação de Corey Depina como educador

Projeto na ilha do Fogo

Ver e  ouvir

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