Júlio Correia

Por GN em

Júlio Correia. Fonte: Internet

Júlio Lopes Correia

Sumbango, Mosteiros, Fogo, 1961

Compositor

Júlio Correia tem sido mais conhecido pelo seu percurso político, iniciado nos anos 1980, como membro da Juventude Africana Amílcar Cabral (JAAC-CV) e que o levou ao Parlamento cabo-verdiano por vários mandatos, à direção do PAICV e a ocupar cargos no governo e no poder local.

Estudou sociologia em Portugal, época em que atuou no associativismo, em particular na Associação Cabo-verdiana de Lisboa. Concluída a licenciatura em 1988, voltou para Cabo Verde e inicialmente lecionou no ensino liceal. No momento em que começava a vigorar o multipartidarismo em Cabo Verde, foi eleito deputado nas primeiras eleições legislativas, em 1991. Com a ida do partido para a oposição, esteve no grupo de pessoas que teve a incumbência de fundar um jornal, que veio a ser o A Semana.

Reelegeu-se em 1996, mas suspendeu o mandado de deputado para se candidatar à presidência da Câmara Municipal de Mosteiros, da qual foi o primeiro presidente eleito (até então o município, criado em 1991, tinha uma comissão instaladora). Em 2000 foi reeleito presidente da Câmara mas em 2002 deixou o cargo, indo para o governo como ministro do Trabalho e da Solidariedade. Ao mesmo tempo, foi presidente da Assembleia Municipal de Mosteiros, por um mandato, e em decorrência foi presidente da mesa da Assembleia Geral da Associação dos Municípios de Cabo Verde.

Mais tarde ocupou o cargo de ministro da Administração Interna. Elegeu-se outra vez como deputado em 2016, permanecendo no cargo até 2020. Foi vice-presidente do Parlamento e vice-presidente do PAICV, do qual se distanciou em 2024, por ter-se decepcionado com o seu funcionamento a partir da ascensão de uma nova geração de dirigentes que, na sua opinião, tornaram o partido centralista e autoritário, relata a Cabo Verde & a Música – Museu Virtual (entrevista em Brockton, 2024).

Do ponto de vista musical, toca violão e piano mas assume-se sobretudo como compositor. Tem composições gravadas por artistas como Neuza, Jorge Sena, Assol Garcia, Anna Lopes, Félix Lopes, Rui di Bitina e Tchicau. Contudo, ganhou maior projeção neste âmbito a partir da gravação do CD Passadinha, com os seus conterrâneos da ilha do Fogo Amadeu Fontes e Braz de Andrade. Aqui, aparece também a cantar alguns dos temas.

Este disco surgiu “como uma carolice”, revela. “Resolvemos registar composições próprias, coisas antigas relacionadas com as tradições da ilha do Fogo… Encontramos Kim Alves, que foi o produtor, e assim saiu o CD”. O álbum foi um sucesso, vendeu-se rapidamente, e na sequência os três artistas criaram a Fundação Passadinha, com o objetivo de financiar atividades culturais e desportivas.

Desde 2023 Júlio Correia encontra-se nos Estados Unidos, a frequentar o curso de Administração Pública na Bridgewater State University.

Composições

Bilida d’odju, Confidencia, Destino trocadu, Kombersu ku morna, Mi ku bo, Nha Tofé, Passadinha, Pontinha di sodadi, Portela nha kretcheu, Rosa Cutelo, Sima nhordês krê, Terral, Txuska.

Zé Timas, Júlio Correia e Jorge Sena (foto da esq.) Foto: Gláucia Nogueira. Foto da direita: Braz de Andrade, Júlio Correia e Amadeu Fontes. Fonte: Facebook

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