Rappers cantam Cabral
Diz-se por vezes que o legado de Amílcar Cabral é mal conhecido pelas gerações que nasceram no Cabo Verde independente, mas há também quem esteja firme na salvaguarda da sua memória e quem denuncie situações que Cabral certamente combateria. O rap tem sido veículo não só para mensagens veementes mas também para evocar a figura de Cabral. Confira:
O grupo GPI, sigla de Gajos Políticos Inteligentes gravou “Amílcar Cabral” no CD Castelon (2007). A letra evoca Cabral lembrando também Mandela, Malcolm X, os Panteras Negras, Che Guevara, Aristides Pereira e todos os líderes da África Negra, tendo como pano de fundo a voz de Ildo Lobo em “Labanta braço”.
Começa com som de tiros e lamentando a morte de Cabral e termina com uma visão sombria sobre o Cabo Verde atual a composição “20 dy Janeiro“, de Stars, no álbum Starslogia (2009).
Também em 2009, o grupo Fidjuz di Cabral, na Holanda, lança o vídeo “Povu Indipendenti (Cabral Luta!)”, que termina com a inscrição: “Sonhu ta kontinua”.
No mesmo ano, Shokanti, com o tema “Bandera” (2009), apresenta o seu texto sobre som de cantiga das tradicionais festas de bandeira da ilha do Fogo. “E ka statua ki ta honra Cabral / Mas se palabras ki nu ten ki pratikal”.
Ponba Preto, por sua vez, com “Abel Djassi” (2010), ressalta o percurso e legado de Cabral, manifestando preocupação pelo seu esquecimento entre as novas gerações. E retoma o refrão “Amilcar Cabral, bu mori cedo”, concluindo com “O povo unido jamais será vencido!”
Expavi, no mixtape Raiz & Kultura (2011), traz o tema KKKolonial, usando o sampler de “Cabral gritá”, do África Star.
E os rappers Kaya, LBC Minao Soldjah e Chullage apresentam letra sobre a célebre composição de Tony Lima, em que a certa altura se diz: “Foi pa ke que bo morre / Bo morre pa nos / Ma pov ago ka kre sabe”.
Pex, com Rabeladu Lopi e Hélio Batalha, grava “Cabralistas (wake up)”, no mixtape R.A.P Motiva-som (2013). A letra, referindo os conflitos e dificuldades dos tempos atuais, exorta: “ta na ora di bu korda!”
Por sua vez, o duo Rapaz 100 Juiz, com a participação do Coral da Uni-CV, apresenta “Karta pa Cabral”, tema do CD Voz di Vozis (2014), referindo por sua vez de forma crítica situações do dia-a-dia atual e narrativas veiculadas pelos noticiários.
Sindykatto de Guetto (Ft. GPI) traz “Golpe de Estado” (2012), que inicia com a voz de Amílcar Cabral a dizer num discurso: “a hora é de ação” e exorta “Nu marcha!” em cada uma das ilhas, conclamando para a ação política.
Kuumba, Hélio Batalha, GG, Cerebral, Seiva, MC Ngunda, DNA juntam-se em “A Luta Continua” (2015), composição que busca promover a unidade e luta. É um momento de reunião de rappers da Praia e do Mindelo e serviu como música de promoçáo do primeiro Festival Nacional Ritmos e Poesia, em 2015, que só se realizou duas vezes, organizado pela MH2CV-Associação Movimento Hip-Hop de Cabo Verde.
Agradecimentos a Wilson Redy Lima pelo apoio à elaboração desta página.
Esta é uma
Pouco a pouco outros nomes virão fazer parte dela.
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