Alexandre Monteiro

Por D O em

Alexandre de Deus Monteiro. Fonte: Facebook

Alexandre de Deus Monteiro

Santa Catarina, Santiago, 1950

Cantor, compositor

Espécie de outsider na música cabo-verdiana, Alexandre Monteiro, em pleno apogeu do funaná elétrico-urbano, põe gaita e ferro em seu LP Trapiche, de 1984. A ideia surge durante o seminário Novas Perspetivas em Etnomusicologia (realizado no Museu de Etnologia, em Lisboa, em Maio de 1983). A programação do evento foi para o músico um alerta para o facto de expressões culturais como o batuku, o funaná e a tabanka estarem a ser escamoteadas – é que, a partir do convite da organização para uma representação de Cabo Verde, o grupo indicado pela embaixada, ligado à Associação Cabo-Verdiana, recorreu às expressões privilegiadas de sempre: morna e koladera. Alexandre convida então Julinho da Concertina e António Sanches para apresentarem o funaná numa das sessões de música ao vivo previstas no programa.

Alexandre Monteiro, no lançamento do seu livro, Tarrafal. Fonte: Facebook

Personalidade multifacetada, Alexandre Monteiro deixou o seu emprego na função pública em Portugal e partiu para Espanha em meados dos anos 1980. Aí envolveu-se em atividades comunitárias, contribuindo para a fundação de duas associações cabo-verdianas, em Leon e Lugo. Na Galiza, trabalhou num navio e fez um curso de pesca industrial.

Paralelamente, dedicava-se ao karaté, que começara a praticar em Portugal, nos anos 1970. Publicou um livro sobre a modalidade, que lecionou durante anos, em Portugal e Espanha. Na Suíça, onde passou a residir no início dos anos 1990, foi juiz de exames da federação de artes marciais.

No meio disso tudo, a música não ficou esquecida. Compondo sempre, mas gravando pouco, o segundo álbum saiu em 1993. Em 2003 gravou poemas de sua autoria inspirados na vivência de Santiago e em alguns de seus personagens mais marcantes, como Nho Nachu e Nácia Gomi. Para um apaixonado da cultura popular de Santiago, pode soar estranho que os textos sejam em português. Mas, para o autor, não há contradição: “Para a música é o crioulo, para os poemas é o português” (Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens). Outra vertente é a de romancista. Em 2014, publicou em Espanha, onde reside, o livro Hijo de un Dios mayor.

Discografia

Obras publicadas

  • Internacional de Kung Fu, Centro do Livro Brasileiro, Lisboa, 1979. 
  • Hijo de un Dios mayor, Bubok, Madrid, 2014. Romance.

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