Maria Alice  

Por GN em

Maria Alice. Foto: Marlene Nobre

Maria Alice de Fátima Lopes Rocha Silva

Santa Maria, Sal, 1961      

Cantora

Intérprete de voz aguda e límpida, Maria Alice situa-se na área das mornas e koladeras que fazem o ambiente das noites cabo-verdianas em que começou mas que já vinham de longe, já que, filha e neta de músicos de cordas que tocavam informalmente em casa, começara a cantar muito cedo. Ainda na ilha do Sal onde nasceu, quando adolescente participou em concursos de novos talentos.

Emigrou para Portugal em 1982 e, por volta de 1990, trabalhava como empregada doméstica em Lisboa. Sua patroa, que conhecia Tito Paris, achando que ela cantava bem – “porque eu passava a vida a cantar, enquanto trabalhava”, conta em Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens –, levou Tito à casa para conhecer a jovem. A partir daí, Maria Alice começou a frequentar as noites cabo-verdianas que havia às sextas-feiras no Montecara, restaurante e discoteca de Bana. Pouco tempo depois, passou a atuar no Ritz Club, espaço incontornável da música africana (e em particular cabo-verdiana) em Lisboa no início dos anos 1990. Foi o seu pontapé de saída. Inicialmente trabalhava no restaurante da casa e, a dado momento da noite, saía detrás do balcão para subir ao palco. “Mas começo a cantar mesmo a sério em 1992, numa das despedidas do Bana, que Paulino Vieira estava a organizar. Morgadinho não podia vir a Lisboa para os ensaios, era preciso uma voz feminina para um dueto que ele tinha preparado. Paulino achou que eu conseguia cantar no mesmo tom que Dina Medina [que tinha gravado com Morgadinho], então tive de ensaiar ouvindo o disco e depois cantar ao vivo”, conta a cantora em Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens.

Ilha d’Sal é o seu primeiro álbum, de 1993, produzido por Júlio Silva. À parte ser o disco de estreia de Maria Alice, tem a particularidade de trazer, em duetos com a cantora, a bela voz masculina que não fez carreira, Cotchy (falecido em 2023), em duas raras gravações. O disco serviu ainda como “boleia” para a tentativa de lançamento de uma jovem cantora de origem guineense, Sofia Jalles, a interpretar “Hello Cabo Verde”, de Paulino Vieira, em inglês. Com músicas que acabaram por não entrar no CD, Zé Orlando editou em 1994 um CD com o título Maria Alice e Júlio Silva, que a cantora renega, por não fazer parte dos seus planos nem o resultado a agradar. D’zencontre, produzido por Toy Vieira, foi gravado em 1996 e saiu pela Lusafrica. Pouco tempo antes da saída do primeiro álbum, Maria Alice aparecera a cantar em dois temas no disco Tudo ta Volta, de Pedro Cardoso (Pedrinho d’Nova). O álbum seguinte é de 2002, Lágrima e Súplica. Depois desse, passa quase uma década sem gravar até sair Tocatina. Os dois últimos com Humberto Ramos na produção e nos arranjos.

Discografia

  • Ilha d’Sal, CD, Ovação, Lisboa, 1994.
  • Maria Alice e Júlio Silva, CD, Zé Orlando/Sons d’África, 1994.
  • D’zencontre, CD, Lusafrica, Paris, 1996.
  • Lágrima e Súplica, CD, Zona Música, Lisboa, 2002.
  • Tocatina, CD, Vachier & Associados, Lisboa, 2011.
  • Participação no CD coletivo Lisboa nos cantares cabo-verdianos, 2001, em dueto com Luís de Matos no tema “Maria Barba”.
  • Participação no CD coletivo Noite de Cabo Verde no Zénith, 2001, com o tema “Cabo Verde ano 2000”.
  • Participação no CD coletivo Ao vivo no B.Léza, 2003, em dueto com Filipa Pais no tema “Rotcha nu”.
  • Participação na compilação Putumayo presents islands, 1997, com o tema “Falso testemunho”.
  • Participação na compilação Putumayo presents Cape Verde, 1999, com o tema Sol na tchada”.
  • Participação na compilação Lisboa@com.fusion, 2005, com o tema “Pove pode pol na tchon”.
  • Participação no single Força Irmon, com Jon Luz, 2016.
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