Juloca Feijóo, Nho
Júlio Feijóo Pereira
Nova Sintra, Brava, 1908 – Lisboa, Portugal, 1971
Compositor
Nho Juloca Feijóo foi recebedor do concelho da Brava a partir de 1931, segundo o jornal Notícias de Cabo Verde (13.06.1931). No âmbito das suas funções terá sido acusado de um desfalque e condenado à prisão, diz a tradição oral a seu respeito. Consta que foi no regresso à sua ilha, depois de ter cumprido a pena, que compôs a sua música mais conhecida, “Caminho di Djabraba“. E a letra da morna de facto parece narrar essa situação, ainda que não de forma explícita: “Na caminho di Djabraba / Djan sai d undê qui’n staba / Coraçam baten mas forte / Cuma qu’in scapa di morte…” (A caminho da ilha Brava / Já saído de onde estava / O coração bateu-me mais forte / Como se eu tivesse escapado da morte…).
A composição foi gravada por Fernando Quejas logo no início da sua carreias, em no EP Mornas, de 1952, com o título “Recordando (Caminho d’ilha Brava)” e a indicação de ser uma parceria de Feijóo com Rato de Almeida. Provavelmente, este último fez uma versão em português da letra em cabo-verdiano. Outros que a gravaram foram: Zezé di Nha Reinalda, Hermínia e João Alfredo e, mais recentemente, Assol Garcia. Em versões instrumentais, foi gravada por Humbertona, no álbum com Chico Serra, e por Vasco e Voginha no LP Vivências ao Sol e no CD Dôs.
Anos depois do episódio que deu origem à composição, Nho Juloca Feijóo transferiu-se para São Vicente, onde se fixou definitivamente. Trabalhou na Casa Feijóo e na Cia. Nacional de Navegação. Pela sua residência, um casarão na pracinha da igreja, no centro do Mindelo, passavam os emigrantes indo ou vindo entre a Brava e os Estados Unidos, já que ele lhes tratava dos papéis, recorda Henrique Oliveira (Djick), que aí viveu enquanto estudante do liceu, aprendendo as músicas de Juloca Feijóo diretamente com ele. Segundo Djick, além das mornas gravadas, há outras, apenas transmitidas oralmente na época.
Ao adoecer, com pouco mais de 60 anos, o compositor vai tratar-se em Portugal, onde vem a falecer em 1971.
Composições
Caminho di Djabrava; Fama sem prubeto*; Mar nha confidente.
* Obs.: uma composição com o mesmo título aparece no livro com letras das mornas de Fuca (José Galvão Sousa), 2009, como sendo de sua autoria e José Vale; são letras diferentes, com semelhanças na primeira estrofe.