Frank de Pina
Francisco de Pina
Santana, Brava, 1955
Instrumentista (bateria), cantor, compositor
Natural da ilha Brava, Frank de Pina passou a infância na cidade da Praia, onde viveu dos 6 aos 18 anos. Na adolescência, participou como baterista no grupo Os Vulcânicos. Mais tarde fez parte d’Os Camponeses, em São Domingos, com elementos d’Os Vulcânicos e outros. Viveu em São Vicente entre 1973 e 1974, trabalhando na navegação interilhas, e logo a seguir ao 25 e abril partiu para Portugal, onde trabalhou em serralharia mecânica, ao mesmo tempo que participava de um grupo efêmero denominado Seis Crioulos. Voltou em 1976 para Cabo Verde e em 1979, aos 24 anos, transferiu-se para os EUA.
Nos EUA já viviam familiares seus. A ligação da família a este país é antiga, já que os avós de Frank nasceram aí. Em Boston, nos primeiros tempos, trabalhou numa fábrica da Polaroid, na indústria de plásticos, entre outros trabalhos. No que diz respeito à música, logo na semana em que chegou já tinha um grupo para tocar. Um amigo dos seus pais, Autilio Correia “Toto”, quando soube que o jovem ia para os EUA, enviou-lhe uma carta dizendo para procurá-lo, pois teria um lugar no seu grupo, que se chamava Unidos de Cabo Verde. Foi uma experiência que durou um ano. A seguir, foi para o Cabo Verde 77, que tinha sido fundado por Carlos Mendes, para substituir o baterista, mas também cantava. Com este grupo ficou todo o ano de 1981.
Em seguida foi a época do Tabanka Djazz – recordando aqui, como frisa Frank de Pina, que houve um primeiro Tabanka Djazz, nos EUA, antes do grupo da Guiné Bissau que ficou célebre alguns anos mais tarde. Este primeiro, que gravou um disco, durou de 1982 a 1988, com uma paragem por algum tempo. Seus integrantes eram: Frank de Pina (bateria e voz), António Cabral (guitarra, que é irmão de Mikas Cabral, do Tabanka Djazz da Guiné), Rui Pina (bateria e voz, tal como Frank), Dany Carvalho (teclas), Amilton Tavares (guitarra), Didé (baixo), Hernani Medina “Naco” (percussão) e Daniel Santos “Nhelas” (percussão).
No casamento de Didé, recorda o músico, quem tocou baixo foi Mikas, e depois disso o grupo parou, surgindo então o novo Tabanka Djazz. “Este nome, aliás, é posterior, pois no primeiro disco do grupo guineense aparece apenas a designação Tabanka, inspirada na capa do disco d’Os Tubarões”, recorda Frank de Pina a Cabo Verde & a Música – Museu Virtual.
A seguir o cantor-baterista participou do grupo Arpa Sound, que durou de 1985 a 1987, com Zerui de Pina (baixo), Gau Salgado (voz), António Teixeira (guitarra), José Brito (teclado) e Isildo do Canto (guitarra). Mais tarde, irá participou também do Ice Band, e é como um dos vocalistas deste grupo que aparece no álbum Sonho, de 1991.
Frank de Pina começou a gravar a solo em 1983. O seu primeiro LP intitula-se Mokeros. A seguir a este vêm Frank de Pina (1984), Spedjo di nos alma (1986), Ansiedade (1990), Bis ôtu Bés (1996) e Viravolta dun Vaivém (2000). O seu repertório é de modo geral composto por mornas, koladeras, funanás. A sua voz faz lembrar a de Ildo Lobo, facto que no início da carreira lhe valeu insinuações de estar a imitar o cantor, como dá conta do jornal Voz di Povo (25.10.1986), por ocasião de uma das suas idas a Cabo Verde para se apresentar no Festival da Baía das Gatas.
Atualmente, vivendo em Randolph, perto de Boston, Frank de Pina atua só esporadicamente em locais de música ao vivo da comunidade cabo-verdiana, o que a pandemia de Covid veio atrapalhar.
Discografia
- Mokeros, LP, edição de autor, Lisboa, 1983.
- Frank de Pina, LP, edição de autor, 1984.
- Spedjo di nos alma, LP, edição de autor, Dorchester,1986.
- Ansiedade, LP, edição de autor, Dorchester, 1990.
- Bis ôtu Bés, CD, edição de autor, Boston, 1996.
- Vira volta dun vai ven, CD, edição de autor, Boston, 2000.
- Participação no LP Um Grande Encontro (com Paulino Vieira
e Dany Carvalho), 1984.
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