Gil Semedo

Por GN em 19 de Setembro, 202119 de Setembro, 2021

Gil Semedo Moreira

Assomada, Santiago, 1974

Cantor, compositor

Sucesso de vendas desde os primeiros álbuns, Gil torna-se rapidamente um ídolo juvenil em Cabo Verde, diáspora e outros países africanos de língua portuguesa. Sintonizado com a música pop do seu tempo, não deixa de buscar no interior de Santiago, onde viveu até os 6 anos, elementos do batuku, que emprega em alguns temas.

“Para os jovens, a música cabo-verdiana era uma música dos velhos, dos pais. Com o que fiz, misturando coisas novas, os jovens gostaram, os pais não. Mas essa é também a minha história, eu também via aquela música como de velhos. Eu queria sempre mudar algumas coisas”, afirma (Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens). É a partir do CD Verdadi – que traz o grande êxito que foi a composição “Maria Júlia” – que aparece essa combinação entre moderno e tradicional, que o artista denominou caboswing. A mãe levara de Cabo Verde cassetes com gravações de batuku, mas só em 1987, ao retornar pela primeira vez a Santiago, Gil verá um grupo a atuar.

“Sempre gostei de música cabo-verdiana, Bulimundo, Tulipa Negra, Cabo Verde Show, depois comecei a compor músicas cabo-verdianas, mas queria sempre mudar alguma coisa para meter mais show, mais performance em palco”, afirma aquele que começou a dar nas vistas a imitar Michael Jackson, seu ídolo a partir do momento em que, aos 6 anos, recém-chegado na Holanda, viu na TV o clipe da composição “Billy Jean”. Gil chegou participar do concurso Chuva de Estrelas, em 1990, na televisão holandesa, a imitar Michael Jackson, mas pouco tempo depois resolveu trabalhar a sua própria identidade.

Pintura mural na cidade da Praia homenageia Gil, 2002. Foto: Gláucia Nogueira

Aos 16 anos, editou o seu primeiro disco, o maxi-single Menina, e voltou pela segunda vez a Cabo Verde, desta vez já como uma das atrações do festival da Baía das Gatas. A partir de então, foi presença assídua nos vários festivais que se realizam em Cabo Verde a cada ano. Com o irmão Vado, parceiro na música e nos negócios, criou a produtora Giva, que edita seus próprios trabalhos e de outros artistas, com sede e loja na Nieuwe Binnenweg, coração da comunidade cabo-verdiana de Roterdão.

Até 1996, o artista apresentava-se como Gil & The Perfects – em que os Perfects eram Vado e Dina Medina (vocais); Djoy Delgado e Jorge do Rosário (teclas); Kinkim Gomes (guitarra); Amândio Cabral (baixo); e Tati Gomes (bateria). Em 1997, no CD Bodona Dina e Djoy não estão, pois entretanto tinham formado o Splash!.

É simplesmente em nome de Gil que surge o álbum Nos líder. Em pleno êxito deste disco, recém-lançado, em dezembro de 1999, durante uma crise de foro psiquiátrico, Gil atira-se do edifício de um hotel, em Dacar, sofrendo várias fraturas e consternando Cabo Verde pelas consequências que o facto poderia ter na sua carreira. Contudo, precisamente três anos depois, Gil lança Dedicaçon, e a partir de 2003 retoma as digressões. Foi recebido nesse ano em Cabo Verde com grandes manifestações de carinho por parte do público e uma homenagem por parte da Câmara Municipal da Praia. Em 2006, Gil é condecorado pelo governo de Cabo Verde com a medalha de mérito na categoria Mérito Cultural. No mesmo ano, sai o disco Nha vitória. Gil lança nesse período dois best of, ao mesmo tempo que continua a produzir álbuns de originais.

Em Cabopop, de 2008, com arranjos de Manu Lima, com quem já tinha trabalhado em Dedicaçon, Gil faz alusão à geração do Cabo Verde Show, por entender que a música pop cabo-verdiana produzida por esse grupo influenciou a sua própria geração. Em Sempre líder, álbum de 2011, Gil grava o tema Lambazouk, em dueto com a brasileira Loalwa (vocalista do grupo Kaoma, que no fim da década de 1980, a partir de França, fez sucesso no mundo todo com a lambada). É provavelmente a primeira vez que Gil canta em português.