Santos Vieira
Matias Santos Vieira
Praia Branca, São Nicolau, 1925 – Mindelo, São Vicente, 1966
Instrumentista (cordas), compositor
Santos Vieira insere-se na tradição instrumental da música cabo-verdiana, animando festas e bailes em São Nicolau. Consta que tocava todos os instrumentos de corda, com destaque para o violino. O seu chamava-se Mimosa, como refere o seu filho Paulino Vieira no texto da capa do álbum Nha Primeiro Lar, que é um tributo à memória do pai e no qual o músico gravou composições da sua autoria.
Paulino Vieira e Toy Vieira começaram muito cedo a aprender a tocar, a partir de instrumentos que encontravam em casa e do exemplo do pai, que tinha vários discípulos, como Paulino refere em entrevista a Agostinho dos Santos. Como animador de festas e bailes tinha, entre outros companheiros, Armando Zeferino, um dos que com ele se iniciou na música e que meio século mais tarde ficou famoso devido à polémica sobre a autoria da morna “Sodade”. Maninho Almeida, por sua vez, aponta Santos Vieira como uma das suas referências no despertar para as tradições musicais da ilha e no interesse por aprender a tocar (Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens).
Numa entrevista ao Voz di Povo (20.01.1990), Paulino Vieira recorda que o seu pai era padeiro – a família possuía uma mercearia, estando a venda de pão habitualmente associada a esse tipo de estabelecimento. Matias Santos Vieira trabalhou também no comércio, na Ribeira Brava, e faleceu em São Vicente, onde se encontrava em tratamento. Em Nha Primeiro Lar, Paulino conta as suas recordações do tempo de menino sobre o pai, enquanto sola a “Choradinha”, que Santos Vieira costumava tocar pelas ruas da aldeia de madrugada, ao voltar para casa no fim de uma festa ou serenata.
Composições suas foram gravadas por Paulino: “Mirin d’agua”, “Choradinha” e “Inspiração” aparecem no CD Nha Primeiro Lar (1996), sendo que “Inspiração” está também em Paulino Vieira na sua Aprendizagem vol. 1 – Guitarra clássica (2003).
Colaborou na pesquisa: Amílcar Spencer Lopes