Princezito
Carlos Alberto Sousa
Tarrafal, 1971
Cantor, compositor
No final dos anos 1990, ao regressar de Cuba, onde fez os estudos universitários (formou-se como técnico de laboratório, profissão que nunca exerceu), Princezito começa a fazer atuações, depois de vários anos longe do palco. Começara aos 14 anos, num espetáculo comemorativo do 10º aniversário da independência, no então recém-construído Parque 5 de Julho.
Volta, assim, a dedicar-se ao finason, algo que vinha de longe, já que por volta dos 10 anos tivera o seu primeiro contacto com Nha Bibinha Cabral, que vivia nos arredores da vila do Tarrafal e para aí se dirigia diariamente, para comercializar os seus produtos (ovos e aves). O rapaz começa a imitá-la: “Rabenda. No finason, as cantadeiras se referem a outras que estão a aprender dizendo sa ta rabenda (repete, imita, como o papagaio), quer dizer que ainda não é uma cantadeira verdadeiramente”, explica Princezito (Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens.
Mas também tinha a avó e uma tia, que embora não sendo cantadeiras de finason sabiam algumas estrofes. “Havia um trecho que minha tia começou a repetir para mim todo dia até que aprendi. Depois disso comecei a acrescentar coisas da minha criatividade. E passei a escrever. Já estava na terceira ou quarta classe, e escrevia, em crioulo. Descobri cedo que há finason e há poesia em crioulo; são estruturas completamente diferentes”, afirma.
A primeira vez que cantou, conta o artista, as pessoas ficaram espantadas: menino cantando finason? “Era estranho, pois só gente velha o fazia”, refere. Depois, num acampamento da Organização dos Pioneiros Abel Djassi (OPAD-CV, entidade que se ocupava dos tempos livres e atividades pedagógicas e culturais para crianças, no período do partido único; a mesma que criou o grupo Abel Djassi), Princezito começou a improvisar, falando de situações do momento, nomes de pessoas, tal como as antigas cantadeiras.
Apesar desse histórico das suas relações com o batuku e o finason, Princezito é incluído na chamada “geração Pantera”. Ambos começavam a aparecer na mesma altura, tal como Tcheka, Vadú e o grupo Djingo, com os quais partilha o CD intitulado Ayan!, onde aparecem as suas primeiras gravações, entre as quais “Lua”, um dos seus maiores êxitos. Na sequência, vem Praia-Dakar Conexões, outro disco coletivo, e depois a estreia a solo, Spiga, em 2008.
Entretanto, o músico vai participando em trabalhos de outros artistas, como Badio, do seu irmão, Mário Lúcio; Tarrafal’stars (iniciativa de Maruka Xica com vários artistas do Tarrafal); Oh Mãe mais justa, de Tó Alves, e no disco Traduson pa tradison, de Gilyto, em que aparece ao lado das batukaderas Strela d’Africa.
A partir de 2015, a sua aposta é transpor o finason para o âmbito da palavra escrita. Publica o seu primeiro livro, Antigu Pensamentu, em 2015 e cinco anos depois Manual do Mudjer.
Discografia
- Spiga, CD, Harmonia, SV, 2008.
- Participação no CD coletivo Ayan!, 2002, com os temas “Lua”, “Um minuto” e “Bombolon”.
- Participação no CD coletivo Praia-Dakar Conexões, 2005. Inclui também os artistas Tcheka, Djoy Amado e Neusa (grupo Terreru).
- Participação no CD coletivo Tarrafal’stars, 2005.
- Participação num tema do CD Oh mãe mais justa, de Tó Alves, 2006.
- Participação no CD Traduson pa tradison, 2006, de Gilyto.
- Participação na compilação Album de la francophonie, [?].
- Particicipação no CD Celebra, 2012, do Splash!.
Composições
Badju Giradisku; Bakandesa; Batuke Pilon; Batuku Azul; Bonbolon; Fala Fula; Lua; Magua nha rubera; Mar; Mudjer d´ilia; Nha bicu; Pilonkan; Rifugiado di Guerra; Storia d´amor em Tempo di Guerra; Tamara; Tarafal na Biku; Tchoro Cantado; Um Minuto.
Publicou
Antigu Pensamentu, [?], 2015
Manual di Mujer, [?], 2020.
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