Manuel Faustino

Por D O em

Manuel Faustino. Fonte: Inforpress

Manuel da Paixão Santos Faustino

Mindelo, São Vicente, 1948

Compositor 

As composições de Manuel Faustino tornaram-se mais conhecidas depois da independência, mas começou a compor durante a luta anticolonial, enquanto estudante de medicina em Coimbra, por volta de 1968, período em que fazia parte das estruturas clandestinas do PAIGC. O seu tema “Nho Keitone”, que aparece no LP Música Cabo-verdiana – Protesto e Luta, gravado na Holanda e editado pelo PAIGC, é uma denúncia da miséria no arquipélago e um “recado” a Marcelo Caetano (primeiro-ministro de Portugal de 1968 até 25 de abril de 1974), afirmando que os cabo-verdianos não se deixam enganar. Naturalmente, os autores dos temas desse disco lançado em 1973 não são apresentados, aparecendo a menção “popular”. A morte de Amílcar Cabral foi também algo que inspirou Manuel Faustino a compor. Na mesma linha de denúncia social, mas aqui tendo como objeto o quotidiano de um jovem, criou o tema “Serafim” (que na primeira gravação aparece como “Jornal”e cujo título original era “Um história dôs vida”). 

Nos primeiros anos após a independência, algumas composições suas e de Renato Cardoso foram gravadas numa cassete intitulada Canções de Luta, Poemas de Combate (com músicas e poemas) com o denominado Grupo de Intervenção Artística (GIA). Nessa cassete cantam Ildo Lobo, Renato Cardoso (numa rara gravação deste a cantar) e Érico Veríssimo, que tem também uma composição na cassete. É também dos anos 1970, embora gravada só em 1985, o tema que Teté Alhinho inclui no seu disco Menino das ilhas.

Manuel Faustino foi ministro da Educação e Cultura durante o governo de transição (1975) e, a partir da independência, ministro da Saúde e Assuntos Sociais até 1979. Incompatibilizando-se com o seu partido, afastou-se e passou os anos 1980 no Brasil, onde se especializou em psiquiatria e trabalhou durante alguns anos, antes de regressar a Cabo Verde, com a instauração do multipartidarismo. Então, foi ministro da Educação e Cultura, na gestão do MpD, de 1991 a 1994. Em 1995, foi o fundador da Associação para a Solidariedade e Desenvolvimento Zé Moniz (AZM). Depois de alguns anos dedicando-se à medicina, em 2011, com a eleição de Jorge Carlos Fonseca presidente da República, assumiu o cargo de chefe da Casa Civil, que exerceu até 2021.

Composições

África; Cabral-Vietnam; Cantiga di Manhã; Es matal; Guiné-Kaoberdi; Nha Desejo; Nho Queiton; Serafim.


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