Lura

Por GN em

Lura, 2010. Fonte: Lusafrica divulgação

Maria de Lurdes Pina Assunção

Lisboa, 1975

Cantora, compositora

Lura começa a sua carreira musical fazendo coros em gravações de estúdio, em Portugal, nos anos 1990, até que um dia alguém lhe propõe gravar um disco. Aos 21 anos sai o seu primeiro álbum, Nha vida, produzido por Zé Afonso, cujo tema título, da sua autoria, é uma canção de amor adolescente, que três anos depois aparece na compilação Onda sonora red hot + Lisbon (produzida por uma entidade norte-americana na luta contra o HIV), entre grandes nomes do contexto lusófono, como Caetano Veloso, Djavan, Bonga, Madredeus.

In love, o segundo álbum, de 2002, seu primeiro trabalho com a Lusafrica, vem híbrido de uma cabo-verdianidade ainda mal assumida e canções em português e inglês para um público por definir, numa época em que vários grupos em Portugal começam a gravar em inglês e em que outra cantora luso-cabo-verdiana, Sara Tavares, também pende para a soul. Rui Job (ex-membro do Jamm Band e irmão de Djim Job) é o produtor e coautor de quase todas as músicas do disc, que traz dois temas de Tcheka, os quais  reaparecem no álbum seguinte, aquele em que Lura mergulha de corpo e alma em Cabo Verde – agora com o suporte de Nando Andrade e a mesma banda que acompanha Cesária Évora. Este disco define Lura como uma espécie de musa da chamada “geração Pantera”. Em 2005, Di korpo ku alma foi lançado em vários países, com repercussão positiva: na Itália, foi um dos discos mais vendidos durante o verão, na Inglaterra foi nomeado para o BBC World Music Awards e em França para o prémio Victoires de la Musique 2006, na categoria de Melhor Álbum de Músicas do Mundo.

Mesclando temas de novos compositores, como Orlando Pantera, Tibau, Michel Montrond, e de nomes já bem conhecidos, como Toy Vieira ou Mário Lúcio, Lura firma-se como um dos maiores êxitos no cenário musical cabo-verdiano na década de 2000, que conclui com um Best of. Os funanás e batukus trepidantes servem à perfeição para revelar a expressão corporal de que é capaz. Em 2013, essa performance é premiada pelo Cabo Verde Music Awards, que lhe atribui o galardão de melhor artista em palco. Mas o “vozeirão” que quando adolescente chegava a deixá-la constrangida serve também com perfeição de veículo para a morna de B.Léza ou Nhelas Spencer, o funaná lento de Katchás, a balada de Vlú.

Filha de pai de Santiago e mãe de Santo Antão, Lura, nascida em Lisboa, antes de enveredar definitivamente pela música foi professora de natação e tinha aulas de dança com o cantor santomense Juka, que foi quem a convenceu que tinha uma bela voz e a incentivou a cantar. Nos seus primeiros anos de palco, essa voz grave e poderosa levava-a facilmente a floreios vocais como os da brasileira Alcione, que depois abandonou.

Discografia

  • Nha vida, CD, Disconorte, Lisboa, 1996.
  • In love, CD, Lusafrica, Paris, 2002.
  • Di korpo ku alma, CD, Lusafrica, Paris, 2004.
  • M’bem di fora, CD, Lusafrica, Paris, 2006.
  • Eclipse, CD, Lusafrica, Paris, 2009.
  • Best of, CD, Lusafrica, Paris, 2010.
  • Herança, CD, Lusafrica, Paris, 2015.
  • Participação, com “Nha vida”, em Onda sonora red hot + Lisbon, 1999
  • Dueto com Bonga no álbum Mulenba Xangola, 2001.
  • Participação na compilação Women of the world: Acoustic, 2007, com “Bida mariadu”. 

Ver e ouvir

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