Eugénio, Nho
Nho Eugénio
Tomás Mendes Cabral
Chão de Junco, Tarrafal, 1936
Nho Eugénio, filho de uma batukadera, aprendeu a tocar sinboa com um homem chamado Toy (Márcio Borges), aos 22 anos, na localidade onde nasceu e onde sempre viveu – Chão de Junco, relata no livro Batuku de Cabo Verde – Percurso Histórico Musical (Gláucia Nogueira, 2015). Na sua juventude, refere, tocava uma gaita de boca. Outra atividade musical a que está ligado tem a ver com as rezas que se fazem por ocasião de certas datas religiosas, em particular as ladainhas cantadas no sétimo dia após a morte (béspa).
Agricultor, que também foi pedreiro nas obras públicas durante mais de trinta anos, Nho Eugénio foi premiado pelo seu trabalho de construção de sinboas numa exposição de artesanato realizada em Bissau em 1975 . Nessa mesma época, selos dos correios emitidos com a imagem da sinboa foram desenhados tendo como modelo uma peça construída por ele, lê-se em Batuku de Cabo Verde – Percurso Histórico Musical.
Depois de passar muitos anos sem tocar nem construir nenhuma sinboa, e praticamente desconhecido, Nho Eugénio foi convidado pelo Instituto de Investigação e do Património Cultural (IIPC), em 2010, a ministrar um atelier de construção de sinboas. Quando os técnicos da instituição o contactaram, já não produzia há muitos anos, segundo depoimento de Charles Akibodé em Batuku de Cabo Verde, devido à falta de interesse pelo instrumento e também à dificuldade em encontrar, no interior de Santiago, os materiais necessários, sobretudo a cabaça e rabo de cavalo.
Despois dessa iniciativa, passou a construí-las vez por outra, com o estímulo de Pedro da Conceição, antropólogo português radicado no Tarrafal, e com o apoio do músico Pascoal Fernandes, que mantém viva a tradição da construção de sinboas e colaborara com Nho Mano Mendi quando este passou o seu conhecimento para um grupo de jovens em 2006, numa iniciativa do IIPC. Alguns anos depois Nho Eugénio reuniu-se a familiares em Portugal, onde passou a residir.